quarta-feira, 27 de julho de 2022

jair

líria porto 


e agora jair?
seu governo acabou
(nem chegou a existir)
e a fome aumentou
e o povo sofreu
e agora jair?
e agora você?
você que é cruel
que agride as pessoas
que faz ameaça
que mente e odeia
e agora jair?
está sem discurso
promove a balbúrdia
renega a ciência
já não pode fingir
já não pode negar
atirar já não pode
e a noite gelou
o dia escureceu
o choro aumentou
a alegria não veio
não veio a esperança
e tudo dá medo
e tudo dá nojo
e tudo murchou
e agora jair?
e agora jair?
sua palavra é torpe
seu instante é de queda
sua gula de confronto
sua falta de rumo
sua motociata
sua milícia
sua insolência
sua maldade
jair - e agora?
sem poder e sem crédito
quer sair do país
não existe país
quer ser importante
o povo o renega
quer voltar pro palácio
trancaram-lhe a porta
jair - e agora?
se você corresse
se você fugisse
se você se escondesse
usasse disfarce
mas você não consegue
e agora padece
qual bicho acuado
sem luxo ou conforto
sem cavalo do exército
que o leve pra longe
você está perdido
e agora jair - vai pra onde?

*
(baseado na estrutura do poema "josé"
de carlos drummond de andrade)

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dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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