líria porto
o uivo do vento
assim sem palavras
parece o lamento
do homem que corre
e sente que a vida
esvai-se
*
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
indiferença
líria porto
da porta pra fora a doçura da cana
da porta pra dentro a secura
do canavial
*
da porta pra fora a doçura da cana
da porta pra dentro a secura
do canavial
*
poema para zita
líria porto
noites e noites sozinha
mas não abre mão da pensão
alimentícia
a lua depende do sol
*
noites e noites sozinha
mas não abre mão da pensão
alimentícia
a lua depende do sol
*
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
(para o livro sem pecado não tem salvação) stop
líria porto
da missa não sabes a metade
nenhum quarto
vemo-nos por aí
e nunca mais nus
*
da missa não sabes a metade
nenhum quarto
vemo-nos por aí
e nunca mais nus
*
terça-feira, 23 de setembro de 2008
cortes
líria porto
andarilho sobre versos
dilacero os pés
firo-me em cacos de vírgulas
sangro-me sobre as rimas
perco a seiva
*
andarilho sobre versos
dilacero os pés
firo-me em cacos de vírgulas
sangro-me sobre as rimas
perco a seiva
*
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
estações
líria porto
terno e bengala
o inverno fechou as pálpebras
prima_vera acordou ranzinza
e o céu se cobriu
terno e bengala
o inverno fechou as pálpebras
prima_vera acordou ranzinza
e o céu se cobriu
de cinza
*
*
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
avoada
líria porto
pentear-me para quê
se pentes não ordenam pensamentos
se nada está quieto
fora ou dentro
*
pentear-me para quê
se pentes não ordenam pensamentos
se nada está quieto
fora ou dentro
*
asas abertas
líria porto
a paz que eu quero
não é a paz das pombas brancas
nem dos cemitérios
a paz que preciso
é a das crianças negras pardas índias amarelas
felizes como todas as crianças
a paz que necessito é de oportunidades
não de balelas
*
a paz que eu quero
não é a paz das pombas brancas
nem dos cemitérios
a paz que preciso
é a das crianças negras pardas índias amarelas
felizes como todas as crianças
a paz que necessito é de oportunidades
não de balelas
*
domingo, 14 de setembro de 2008
adiante
líria porto
parto sem dor sem contração
levo no colo o amor franzino
o ectoplasma do natimorto
não quero flores a dor é minha
vou carregá-la como troféu
deixo-te só – salgo as feridas
rasgo as mentiras
a_deus
*
parto sem dor sem contração
levo no colo o amor franzino
o ectoplasma do natimorto
não quero flores a dor é minha
vou carregá-la como troféu
deixo-te só – salgo as feridas
rasgo as mentiras
a_deus
*
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
rio das velhas
líria porto
há muito deixou a nascente
atravessou campos lonjuras
aproxima-se da foz
já não teme desaguar
teve medo nas montanhas
saltava-as trêmulo
segue seu curso
mistura-se ao são francisco
que o levará ao mar
(ao merecido descanso)
há muito deixou a nascente
atravessou campos lonjuras
aproxima-se da foz
já não teme desaguar
teve medo nas montanhas
saltava-as trêmulo
segue seu curso
mistura-se ao são francisco
que o levará ao mar
(ao merecido descanso)
*
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
agressividade
líria porto
prendeu o amor entre os medos
sentiu o sangue ferver
amor é fogo e preso
estoura bolhas nos gestos
*
prendeu o amor entre os medos
sentiu o sangue ferver
amor é fogo e preso
estoura bolhas nos gestos
*
lixo atômico
líria porto
se a lua cair do céu
além dos cacos quebrados
aonde vamos guardar
olhares enamorados?
e se as estrelas em greve
não quiserem mais piscar
será que vais resistir
voltaremos a brincar?
se o sol apagar o facho
e tornar-se um astro frio
eu vou aguentar viver
como vel(h)a sem pavio?
se a terra onde moramos
depois da judiação
quiser se vingar dos homens
nós mulheres – escapamos?
sei não
*
se a lua cair do céu
além dos cacos quebrados
aonde vamos guardar
olhares enamorados?
e se as estrelas em greve
não quiserem mais piscar
será que vais resistir
voltaremos a brincar?
se o sol apagar o facho
e tornar-se um astro frio
eu vou aguentar viver
como vel(h)a sem pavio?
se a terra onde moramos
depois da judiação
quiser se vingar dos homens
nós mulheres – escapamos?
sei não
*
terça-feira, 9 de setembro de 2008
escotilha virada para o (a)mar
líria porto
a vida
jogo de carta de_mar_cada
deu-me zape sete-copas
espadilha
quatro ases de ouro
(minhas filhas)
e ainda me deu em poesia
o poder de blefar
*
a vida
jogo de carta de_mar_cada
deu-me zape sete-copas
espadilha
quatro ases de ouro
(minhas filhas)
e ainda me deu em poesia
o poder de blefar
*
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
em_barco
líria porto
o rio é que anda
faz curvas na mata
cócegas na pedra
alarga as beiradas
afasta obstáculos
serve-me de estrada
e me lava os pecados
*
o rio é que anda
faz curvas na mata
cócegas na pedra
alarga as beiradas
afasta obstáculos
serve-me de estrada
e me lava os pecados
*
nos braços de morfeu
líria porto
o bom desta cama
além do macio
é sentir nosso corpo
canoa no rio
deslizar pelo sono
margeado de sonhos
em calmaria
*
o bom desta cama
além do macio
é sentir nosso corpo
canoa no rio
deslizar pelo sono
margeado de sonhos
em calmaria
*
domingo, 7 de setembro de 2008
sábado, 6 de setembro de 2008
chibatadas
líria porto
rastejo atrás das palavras
maltratam-me dos donos da pena
os que condenam a língua portuguesa
aos salões dos palácios
e da academia
*
rastejo atrás das palavras
maltratam-me dos donos da pena
os que condenam a língua portuguesa
aos salões dos palácios
e da academia
*
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
margens
líria porto
a infância
água à procura de leito
tanto pode se tornar
rio a caminho do mar
quanto brejo
lamaceira
*
a infância
água à procura de leito
tanto pode se tornar
rio a caminho do mar
quanto brejo
lamaceira
*
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
papel
líria porto
poetas têm língua bipartida
veneno chocalho rastejo
silvo
(areias movediças
tragam a nossa alma)
*
poetas têm língua bipartida
veneno chocalho rastejo
silvo
(areias movediças
tragam a nossa alma)
*
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
esfinges
líria porto
olho o homem bigodudo a mulher de cara séria
a menina de veludo o velhinho irrequieto
cada cabeça é um mundo
:
o pensamento
um mistério
*
olho o homem bigodudo a mulher de cara séria
a menina de veludo o velhinho irrequieto
cada cabeça é um mundo
:
o pensamento
um mistério
*
rima ruim
líria porto
acende um pito no outro
não esconde a agonia
o filho que vai nascer
da pança da conceição
vai achar um mundo roto
o pai sem teto sem trampo
a mãe sem registro civil
:
sina de verme e lombriga
pior que vida de cão
*
acende um pito no outro
não esconde a agonia
o filho que vai nascer
da pança da conceição
vai achar um mundo roto
o pai sem teto sem trampo
a mãe sem registro civil
:
sina de verme e lombriga
pior que vida de cão
*
Assinar:
Postagens (Atom)
tanto mar
- affonso romano de santanna
- alice ruiz
- balaio porreta - moacy cirne
- cosmunicando
- doce de lira
- escritoras suicídas
- flávio corrêa de mello
- germina literatura
- josé saramago
- jura em cy bemol
- metamorfraseando
- namibiano - angola
- nina rizzi
- notas capitais
- olivrão - aroeira
- per tempus / mara faturi
- putas resolutas
- ragi moana
- rômulo romério
- saciedade dos poetas vivos - líria porto
- sede em frente ao mar
- toca da serpente - líria porto
dedicatória
nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
quem tem pena de passarinho
é passarinho
(líria porto)
Arquivo do blog
-
▼
2008
(448)
-
▼
setembro
(26)
- pressa
- indiferença
- poema para zita
- abrigos
- (para o livro sem pecado não tem salvação) stop
- manha
- cortes
- Sem título
- estações
- cilada
- tridente
- avoada
- asas abertas
- adiante
- rio das velhas
- agressividade
- lixo atômico
- escotilha virada para o (a)mar
- em_barco
- nos braços de morfeu
- muar
- chibatadas
- margens
- papel
- esfinges
- rima ruim
-
▼
setembro
(26)