líria porto
a névoa embaça-lhe o olhar
nos cantos da boca o silêncio
a dor na carne nos ossos
procuro a mulher suculenta
pergunto cadê minha mãe
que se perdeu de si mesma
nas brenhas do esquecimento
toco seu rosto os cabelos
recordo o cheiro do leite
aperto seus dedos trêmulos
e sinto aquela saudade
de quando ainda menina
agarrava-me à sua saia
só para tê-la por perto
na cama a casca resiste
eu fico triste a pensar
na sua breve partida
tantos a esperam por lá
onde residem as estrelas
seus pais seu amor
sua filha
*