sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

para afofar a terra

líria porto

minha casa era um canteiro
e as quatro flores formosas
perfumavam o ar

o tempo passou cresceram
quiseram ser borboletas
bateram asas

sou jardineiro fiquei
se antes plantava filhos
agora semeio versos

(e cá entre nós - cultivo netos)

*

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

id

líria porto

há dias que sou assim
a sombra da minha sombra
e meus pés pisam repisam
as minhas próprias pegadas
sei curvas sei obstáculos
não sei porém desviar-me

passeio sobre meus passos
caminho nos descaminhos
erro sempre os mesmos erros
repito as mesmas palavras
sou sombra da minha sombra
a soçobrar no passado

*

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

evidências

líria porto

ao peito ouviu-se um estalo
o amor quebrara as asas
confundira o nome as chaves
errara casa endereço

necessita o amor de tempo
de respirar novos ares
porque amor não é hábito
é qual um bulbo de flor
ao secar o cerne o caule
carece ser replantado

parte amor vai logo embora
e realiza teus sonhos
pois de cinzas não se vive
muito menos de migalhas
um amor precisa saltos
sem culpas chagas
remorso

*

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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