quando me vieres ver
eu quero um tecido assim
um azul resto de noite
a resguardar-me a nudez
azul meio transparente
vestido de madrugada
cravado com algum gorjeio
uns trinados uns murmúrios
azul pecado no cheiro
a recobrir o meu corpo
com perfume antecipado
da manhã que vem surgindo
do amor já tão bem-vindo
a chegar muito atrasado
menina sem modos
diriam os antigos
mas quando deu um impulso
e saltou sobre mim
a saia foi à cabeça
e viram sua calcinha
:
eu pensei foi em pipocas
em fogos de artifício
amor meu
não me demoro
acompanha-me a sombra
questão mesma de apego
ela é modelo exclusivo
e não me deixa
:
o resto fica pra trás
que caixão não tem gaveta
em torno do homem (como a terra ao redor do sol) arrasta consigo o pequeno satélite dependentes em tudo de luz de calor e por isso obrigados à mesma rota e rotina
duas três quatro meninas e meu pai queria um macho quando enfim viu seu reizinho bradou alto e em bom-tom vais mandar em todas elas : eu –– que tinha uns cinco anos falei comigo –– mas vai hein?