líria porto
para de olhar por onde ando
não tentes vasculhar o que eu faça ou pense
poderás descobrir coisas terríveis
(do arco da velha)
mais venenosas e cabeludas
que as tarântulas
*
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
barulhos
líria porto
os telhados
as nuvens a chuva o galo
o ronco dos motores
os pássaros os sinos
o rumor dos homens
o vento os barulhos
o farfalhar das folhas
as batidas do coração
o silêncio
*
os telhados
as nuvens a chuva o galo
o ronco dos motores
os pássaros os sinos
o rumor dos homens
o vento os barulhos
o farfalhar das folhas
as batidas do coração
o silêncio
*
gatos
líria porto
percorrem telhados
passeiam por muros
vão atrás dos pássaros
cochilam ao sol
espreguiçam-se
caminham tão leves
ninguém ouve os passos
porém no namoro
haja escândalo
:
haja sarro
*
percorrem telhados
passeiam por muros
vão atrás dos pássaros
cochilam ao sol
espreguiçam-se
caminham tão leves
ninguém ouve os passos
porém no namoro
haja escândalo
:
haja sarro
*
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
querido
líria porto
abraça-me forte apertado
sintamos os nossos cheiros
retém-me ainda em teus braços
gravemos este momento
não mais haverá ausências
lembranças são para sempre
*
abraça-me forte apertado
sintamos os nossos cheiros
retém-me ainda em teus braços
gravemos este momento
não mais haverá ausências
lembranças são para sempre
*
domingo, 25 de dezembro de 2011
desaforos
líria porto
plenas de mal gosto de palavras ocas
azedadas letras que regurgitadas
maltratam os ouvidos
e a autoestima
*
plenas de mal gosto de palavras ocas
azedadas letras que regurgitadas
maltratam os ouvidos
e a autoestima
*
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
versos desgrenhados
líria porto
fiz poemas de cabeça feita
foram quatro os melhores versos
e os fizemos a quatro mãos
depois do vendaval
escrevo como doida
*
fiz poemas de cabeça feita
foram quatro os melhores versos
e os fizemos a quatro mãos
depois do vendaval
escrevo como doida
*
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
superstição
líria porto
coça a palma da mão e fecha os dedos
segura a fortuna que se anuncia
(não preciso de riqueza maior que ser eu mesma
abro mão)
*
coça a palma da mão e fecha os dedos
segura a fortuna que se anuncia
(não preciso de riqueza maior que ser eu mesma
abro mão)
*
domingo, 18 de dezembro de 2011
corujas
líria porto
legamos a nossos filhos o que (não) somos o que (não) temos
e eles afinal são e serão para sempre tão lindos e perfeitos
como nós mesmos
*
legamos a nossos filhos o que (não) somos o que (não) temos
e eles afinal são e serão para sempre tão lindos e perfeitos
como nós mesmos
*
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
carochinha
líria porto
a mãe morreu
o pai voltou a casar-se
a madrasta bebia demais e a avó
mais braba que pimenta curtida no azeite
criou-a
:
peixe fora d'água
foi comida pelos gatos
e pelos cachorros
*
a mãe morreu
o pai voltou a casar-se
a madrasta bebia demais e a avó
mais braba que pimenta curtida no azeite
criou-a
:
peixe fora d'água
foi comida pelos gatos
e pelos cachorros
*
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
(publicado no livro garimpo - editora lê) - cruel
líria porto
não detenho as rédeas do verso
ele sai na correria dá pinotes pisoteia-me
chega ao peito de um poeta desalmado
que nem sabe quanto espero para tê-lo
são e salvo
*
não detenho as rédeas do verso
ele sai na correria dá pinotes pisoteia-me
chega ao peito de um poeta desalmado
que nem sabe quanto espero para tê-lo
são e salvo
*
sábado, 10 de dezembro de 2011
das arábias
líria porto
farah fará a farra
eu farei a feira
farah fará a farra
eu farei a feira
e ficamos
quites
:
zero a zero
:
zero a zero
para mim
um embate
serve
*
um embate
serve
*
(para o livro sem pecado não tem salvação) avidez
líria porto
sede milenar a do amor
não se sacia não se satisfaz
sempre a beber o suor e o sangue
sede milenar a do amor
não se sacia não se satisfaz
sempre a beber o suor e o sangue
dos homens
*
*
mandão
líria porto
o vento faz o que quer - ontem me trancou de fora
e eu precisei passar por debaixo
da porta
*
o vento faz o que quer - ontem me trancou de fora
e eu precisei passar por debaixo
da porta
*
(para o livro sem pecado não tem salvação) escola
líria porto
no meio da página tinha umas letras
tinha umas letras no meio da página
:
com elas aprendi palavrinhas e palavrões
cu e pindamonhangaba
*
no meio da página tinha umas letras
tinha umas letras no meio da página
:
com elas aprendi palavrinhas e palavrões
cu e pindamonhangaba
*
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
a primeira a última
líria porto
quase todas as pessoas e coisas
podem ser repostas ou substituídas
não eu para mim
*
quase todas as pessoas e coisas
podem ser repostas ou substituídas
não eu para mim
*
(poema publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) andarilhos
líria porto
atrás de mim o cachorro
atrás do cachorro o rabo
atrás do rabo a sombra
atrás da sombra as pegadas
atrás das pegadas tudo
que deixamos
(eu vim com a roupa do corpo
meu cachorro trouxe as pulgas)
*
atrás de mim o cachorro
atrás do cachorro o rabo
atrás do rabo a sombra
atrás da sombra as pegadas
atrás das pegadas tudo
que deixamos
(eu vim com a roupa do corpo
meu cachorro trouxe as pulgas)
*
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
(para o livro sem pecado não tem salvação) façanha
líria porto
poema metalinguístico faz o meu amor
quando fecho os olhos e abro as pernas
*
poema metalinguístico faz o meu amor
quando fecho os olhos e abro as pernas
*
domingo, 4 de dezembro de 2011
poliglotas
líria porto
estou mais para troglodita
mal sei usar minha língua
e o português –– ai meu deus
aqueles bigodões
aquelas sobrancelhas
aquele peito peludo
*
estou mais para troglodita
mal sei usar minha língua
e o português –– ai meu deus
aqueles bigodões
aquelas sobrancelhas
aquele peito peludo
*
sábado, 3 de dezembro de 2011
lugar
líria porto
eu que moro aqui faz tanto tempo
vim parar aqui nem faz um mês
reconheci aqui o vento as gentes
aqui é araxá - terra e semente
vou viver aqui talvez pra sempre
enterrar-me aqui até brotar
*
eu que moro aqui faz tanto tempo
vim parar aqui nem faz um mês
reconheci aqui o vento as gentes
aqui é araxá - terra e semente
vou viver aqui talvez pra sempre
enterrar-me aqui até brotar
*
folga
líria porto
a passarinhada solta a voz
anúncio de sol atrás da serra
olhos fechados para a luz
ouço a cantoria e não me movo
no domingo a cama
é mais macia
*
a passarinhada solta a voz
anúncio de sol atrás da serra
olhos fechados para a luz
ouço a cantoria e não me movo
no domingo a cama
é mais macia
*
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
vermelho
líria porto
tudo o que estiver subcutâneo
pode se tornar subversivo
ser acorrentado a uma pedra
jogado em alto mar
até um verso
um poeta
*
tudo o que estiver subcutâneo
pode se tornar subversivo
ser acorrentado a uma pedra
jogado em alto mar
até um verso
um poeta
*
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)
tanto mar
- affonso romano de santanna
- alice ruiz
- balaio porreta - moacy cirne
- cosmunicando
- doce de lira
- escritoras suicídas
- flávio corrêa de mello
- germina literatura
- josé saramago
- jura em cy bemol
- metamorfraseando
- namibiano - angola
- nina rizzi
- notas capitais
- olivrão - aroeira
- per tempus / mara faturi
- putas resolutas
- ragi moana
- rômulo romério
- saciedade dos poetas vivos - líria porto
- sede em frente ao mar
- toca da serpente - líria porto
dedicatória
nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
quem tem pena de passarinho
é passarinho
(líria porto)
Arquivo do blog
-
▼
2011
(461)
-
▼
dezembro
(29)
- enxerido
- barulhos
- gatos
- querido
- desaforos
- côncava
- invernal
- versos desgrenhados
- superstição
- corujas
- carochinha
- queixa-se de solidão quem mal se suporta
- larápio
- (publicado no livro garimpo - editora lê) - cruel
- das arábias
- (para o livro sem pecado não tem salvação) avidez
- mandão
- (para o livro sem pecado não tem salvação) escola
- vãos
- a primeira a última
- (poema publicado no livro asa de passarinho - ed. ...
- (para o livro sem pecado não tem salvação) façanha
- poliglotas
- vivências
- lugar
- folga
- vermelho
- sem versos
- neve nos cabelos
-
▼
dezembro
(29)