homens de trabalho
semi-analfabetos
os meus dois avôs
elias e manuel
um de atrás os montes
outro das arábias
em fuga das guerras
em busca de paz
na terra brasilis
de tantas promessas
qual um rio sem mar
sem olhar para trás
abre caminho
envereda-se
segue em frente
tropeça nas pedras
transborda de sonhos
desvia-se
porém não deságua
seca antes
:
a vida acaba
na foz
chique é comida no prato
é não ser marionete
chique é o estado laico
a escola a universidade
chique é ter trabalho
teto agasalho
brinquedo
a fartura é chique
e chique é cuidar da vida
respeitar a diferença
poder discordar concordar
chique é o voto consciente
o diálogo a pergunta
pensar é chique
é requinte
(miséria manipulação
guerra desesperança
agressão injustiça
desemprego
ignorância
isso é atraso
e é brega)
a vida?
ah –– a vida é chiquérrima
e a morte inevitável
manhãs tardes e noites
as auroras os crepúsculos
o sol a lua as estrelas
e também tenhamos chuva
um mundo de igualdade
todas as raças e credos
sem guerras sem preconceito
com muita camaradagem
fartura compreensão
sabedoria saúde
é isso que nos desejo
mulheres do mundo inteiro
todas as crenças e raças
brancas negras amarelas
mestiças peles vermelhas
lésbicas mulheres transgêneras
todas num corpo só
pela igualdade de gênero
pelo direito de ser