outro chip bateria
pilha nova combustível
qualquer coisa que anme
o meu corpo a alma antiga
que lhe dê alguma força
a energia que precisa
pra romper o dia a dia
pra vencer o imprevisto
precisava ancorar firmar-me em algo forçar um pouso perdera as duas asas em pleno voo o corpo espatifou-se num rochedo o mar lambeu salgou meu sofrimento escapei por pouco
nesse dia de mais uma hora
nessa hora extra – tão igual as outras
bem que poderíamos fazer algo novo
ousar alguma coisa tirar o atraso
repetir aquilo que ficou perdido
e seria mágico poder reviver
enquanto poça enlamear teus pés só para outra vez lavá-los perfumá-los deslizar as mãos entre tuas pernas como um pretexto um texto ainda não escrito a umedecer a página
não sei se por hábito
talvez de propósito
ao chegar em casa
raspava a garganta
então nós meninos
por medo da fera
do seu cinturão
(que nem era usado)
corríamos pro quarto
ou para o quintal
sem briga nenhuma
e sem palavrões