líria porto
estas meninas de minas
com elas não tem miséria
tais como broas de milho
goiabada pães de queijo
feitos em fogão de lenha
estas mulheres rendadas
poetas joias mineiras
são feras demais ferozes
defendem a pátria a prole
iguais as onças pintadas
panteras jaguatiricas
não pisem nos calos delas
nem lobos e nem raposas
poetas minas mimosas
perfumosas mais que flor
plantam versos como horta
no coração na aorta
da gente simples
do povo
*
terça-feira, 30 de junho de 2009
imersão
líria porto
dormi sobre o teu livro
senti todas as folhas me abraçarem
deste-me longos beijos nos capítulos
as vírgulas lamberam-me
pontuaram-me
no sussurrar das tuas reticências
tu me arrepiavas
mordiscavas-me com a tua sutileza
enfiavas-te pelas minhas fendas
e teus versos deslizavam-se em meu corpo
tais quais versos de seda
pressenti tua presença em cada linha
em todas havia o teu perfume
eras tu que passavas as minhas páginas
conhecias-me os detalhes
desvendavas meus segredos
:
com a língua
*
dormi sobre o teu livro
senti todas as folhas me abraçarem
deste-me longos beijos nos capítulos
as vírgulas lamberam-me
pontuaram-me
no sussurrar das tuas reticências
tu me arrepiavas
mordiscavas-me com a tua sutileza
enfiavas-te pelas minhas fendas
e teus versos deslizavam-se em meu corpo
tais quais versos de seda
pressenti tua presença em cada linha
em todas havia o teu perfume
eras tu que passavas as minhas páginas
conhecias-me os detalhes
desvendavas meus segredos
:
com a língua
*
folia
líria porto
quem lá no céu esparrama
nuvens depois do almoço
espalha no azul barroco
flocos e flores brancas
tem santo pra todo lado
tem anjo a fazer bagunça
a semear no assoalho
algodão doce
e açúcar
é um deus nos sacuda
*
quem lá no céu esparrama
nuvens depois do almoço
espalha no azul barroco
flocos e flores brancas
tem santo pra todo lado
tem anjo a fazer bagunça
a semear no assoalho
algodão doce
e açúcar
é um deus nos sacuda
*
afronta
líria porto
a pedra enfrenta o mar
olha-o desafiadora
ele vem bate de frente
espatifa-lhe a alma
ela não arreda o pé
não doeu não doeu
ele volta dá-lhe um soco
e a cena se repete
(arde-lhe o corpo
porém rocha não se entrega)
a pedra enfrenta o mar
olha-o desafiadora
ele vem bate de frente
espatifa-lhe a alma
ela não arreda o pé
não doeu não doeu
ele volta dá-lhe um soco
e a cena se repete
(arde-lhe o corpo
porém rocha não se entrega)
*
segunda-feira, 29 de junho de 2009
respingos
líria porto
e quando a chuva caía
eu ia com a enxurrada
beirava rente a calçada
descia junto da flor
e ria a risada d'água
aquela alegria d'água
brincava que era a flor
mas depois sentia frio
lembrava-me então do rio
da flor que o rio levou
e os meus olhos choviam
:
eu era como a enxurrada
fui ficando poça d'água
que o tempo chorou
chorou
*
e quando a chuva caía
eu ia com a enxurrada
beirava rente a calçada
descia junto da flor
e ria a risada d'água
aquela alegria d'água
brincava que era a flor
mas depois sentia frio
lembrava-me então do rio
da flor que o rio levou
e os meus olhos choviam
:
eu era como a enxurrada
fui ficando poça d'água
que o tempo chorou
chorou
*
domingo, 28 de junho de 2009
convivência
líria porto
queixou-se do muito sal
do excesso de pimenta
disse-lhe – aguenta amor
felicidade carece
tempero
*
queixou-se do muito sal
do excesso de pimenta
disse-lhe – aguenta amor
felicidade carece
tempero
*
sem cerimônia
líria porto
cheirou-me lambeu-me
partiu-me em pedaços
comeu o que quis
e o resto deixou
às baratas
(os ratos tiram proveito)
*
cheirou-me lambeu-me
partiu-me em pedaços
comeu o que quis
e o resto deixou
às baratas
(os ratos tiram proveito)
*
sábado, 27 de junho de 2009
rente
líria porto
um cão que me mordesse o calcanhar
o chão que sujasse minha sola do pé
um bicho-de-pé que coçasse
a meia furada
o sapato apertado
um calo no dedo
:
qualquer coisa que não fosse
indiferença
*
um cão que me mordesse o calcanhar
o chão que sujasse minha sola do pé
um bicho-de-pé que coçasse
a meia furada
o sapato apertado
um calo no dedo
:
qualquer coisa que não fosse
indiferença
*
sem comparação
líria porto
sou pequenina
das pernas grossas
nasci na roça
vim pra cidade
belas são altas
cambitos finos
elas nos pisam
com pés de alface
*
sou pequenina
das pernas grossas
nasci na roça
vim pra cidade
belas são altas
cambitos finos
elas nos pisam
com pés de alface
*
chapeuzinho
líria porto
não vi os teus pelos
não sei se são crespos
compridos vermelhos
se lisos curtinhos
de piche ou de milho
só quero um chumaço
um cacho
um pentelho
:
sou lobo bom
(de bico)
*
não vi os teus pelos
não sei se são crespos
compridos vermelhos
se lisos curtinhos
de piche ou de milho
só quero um chumaço
um cacho
um pentelho
:
sou lobo bom
(de bico)
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - sofreguidão
líria porto
a minha cadela
pequena vadia
comeu os meus versos
cagou poesia
morrer não morreu
ficou aluada
não morde não late
os olhos na estrada
se vê um cãozinho
faz olhos de arrego
se vê um poeta
a_deus meu sossego
*
a minha cadela
pequena vadia
comeu os meus versos
cagou poesia
morrer não morreu
ficou aluada
não morde não late
os olhos na estrada
se vê um cãozinho
faz olhos de arrego
se vê um poeta
a_deus meu sossego
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - prenhez
líria porto
esta doida de sentires e de pedras
de nublares de viveres e de luas
de sonhares de tornados de dilúvios
esta insana das noites seculares
dos falares dos silêncios dos transtornos
das tempestades desaguares e de lama
esta louca dos amores impossíveis
das demências dos pulsares dos entornos
das claridades dos escuros e dos vãos
esta mulher como tant(r)as
habita-me
*
esta doida de sentires e de pedras
de nublares de viveres e de luas
de sonhares de tornados de dilúvios
esta insana das noites seculares
dos falares dos silêncios dos transtornos
das tempestades desaguares e de lama
esta louca dos amores impossíveis
das demências dos pulsares dos entornos
das claridades dos escuros e dos vãos
esta mulher como tant(r)as
habita-me
*
poente (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
não é noite ainda
nem dia
nesta hora aflita
ninguém interdita
o ocaso
fica mais um pouco
espera a estrela
ela não demora
hoje é domingo
ou segunda-feira?
(não importa o tempo
não importa a mágoa
esse limiar
é e sempre foi
a gota d'água)
a vida se esvai
esgota-nos apouca-se
salve-se o amor
alvo dos chacais
cria indefesa
*
não é noite ainda
nem dia
nesta hora aflita
ninguém interdita
o ocaso
fica mais um pouco
espera a estrela
ela não demora
hoje é domingo
ou segunda-feira?
(não importa o tempo
não importa a mágoa
esse limiar
é e sempre foi
a gota d'água)
a vida se esvai
esgota-nos apouca-se
salve-se o amor
alvo dos chacais
cria indefesa
*
eterno
líria porto
) agora é sempre agora
embora já não seja (
*
agora é menos
que um piscar de olhos
) agora é sempre agora
embora já não seja (
*
confiança
líria porto
em teu barco embarco de borco
de lado de costas de cócoras
em cima de um barril de pólvora
na proa na popa no fundo
e se o barco naufragar
afundo junto
*
em teu barco embarco de borco
de lado de costas de cócoras
em cima de um barril de pólvora
na proa na popa no fundo
e se o barco naufragar
afundo junto
*
coitadinha
líria porto
fui ali ouvir a chuva
escutar a sua história
ela fala ela sussurra
ai meu deus a chuva chora
mais parece uma viúva
xale cinza –– rima
pobre
*
fui ali ouvir a chuva
escutar a sua história
ela fala ela sussurra
ai meu deus a chuva chora
mais parece uma viúva
xale cinza –– rima
pobre
*
sexta-feira, 26 de junho de 2009
arrependimento
líria porto
quem plantou um pé de pranto
bem no canto do meu olho
hoje chora de remorso
*
quem plantou um pé de pranto
bem no canto do meu olho
hoje chora de remorso
*
o fio de ariadne
líria porto
o galo ficou rouco
e por pouco pouco
rasga a madrugada
veio a cotovia
prestar-lhe socorro
fez voz de contralto
viver é desse jeito
quando um não pode
outro força o peito
e ninguém se afobe
nas horas piores
o riso nos salva
*
o galo ficou rouco
e por pouco pouco
rasga a madrugada
veio a cotovia
prestar-lhe socorro
fez voz de contralto
viver é desse jeito
quando um não pode
outro força o peito
e ninguém se afobe
nas horas piores
o riso nos salva
*
aos vermes
líria porto
diremos não sem titubeio
ainda assim ela virá
entrará sem permissão
apartará a alma do corpo
e servirá o banquete
*
diremos não sem titubeio
ainda assim ela virá
entrará sem permissão
apartará a alma do corpo
e servirá o banquete
*
ardor
líria porto
abro a janela pra sentir-lhe o cheiro
beija-me a boca e sua língua líquida
dá-me arrepios
então fecho os olhos
ela me provoca desce até os seios
ô chuva fogosa
qual mulher
sem freio
*
abro a janela pra sentir-lhe o cheiro
beija-me a boca e sua língua líquida
dá-me arrepios
então fecho os olhos
ela me provoca desce até os seios
ô chuva fogosa
qual mulher
sem freio
*
des_compasso
líria porto
sou redondilha maior
vou sete passos adentro
não sei seguir devagar
não sei correr como o vento
a redondilha menor
minha irmãzinha caçula
tem um jeito singular
de soltar língua e figura
(preciso aprender
dar volta por cima
tropeço no verso
engasgo na rima)
*
sou redondilha maior
vou sete passos adentro
não sei seguir devagar
não sei correr como o vento
a redondilha menor
minha irmãzinha caçula
tem um jeito singular
de soltar língua e figura
(preciso aprender
dar volta por cima
tropeço no verso
engasgo na rima)
*
crisálida
líria porto
mãe de quatro larvas
tecia sua trova
tinha lindas rimas
cuidava da prole
veio a poesia
deu-lhe nova ordem
: toma um par de asas
faz teu voo solo
ela obedeceu
tornou-se aplicada
todo dia escreve
sobre tudo e nada
*
mãe de quatro larvas
tecia sua trova
tinha lindas rimas
cuidava da prole
veio a poesia
deu-lhe nova ordem
: toma um par de asas
faz teu voo solo
ela obedeceu
tornou-se aplicada
todo dia escreve
sobre tudo e nada
*
quinta-feira, 25 de junho de 2009
pretensão
líria porto
quando nascerem os livros
filhos eu já plantei
escrevi algumas árvores
dir-me-ei posso partir
então morrerei feliz
levando numa valise
para enterrar comigo
o apito do trem
*
quando nascerem os livros
filhos eu já plantei
escrevi algumas árvores
dir-me-ei posso partir
então morrerei feliz
levando numa valise
para enterrar comigo
o apito do trem
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) menopausa
líria porto
andou muitas léguas ao longo do cio
as águas corriam lépidas paralelas
o corpo que tinha as curvas tão certas
perdeu-se das regras por estes caminhos
*
andou muitas léguas ao longo do cio
as águas corriam lépidas paralelas
o corpo que tinha as curvas tão certas
perdeu-se das regras por estes caminhos
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) velho
líria porto
as névoas senis
as manchas na pele
são ilhas dispersas
gravadas em papiro
em mapas antigos
onde o tempo se perde
*
as névoas senis
as manchas na pele
são ilhas dispersas
gravadas em papiro
em mapas antigos
onde o tempo se perde
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) a_teu sofrimento
líria porto
dói-me a tua dor
e nada posso
a não ser
ficar do teu lado
segurar a tua mão
rezar rezar e rezar
sem crer
na onipotência
*
dói-me a tua dor
e nada posso
a não ser
ficar do teu lado
segurar a tua mão
rezar rezar e rezar
sem crer
na onipotência
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) curupira
líria porto
um jeito estranho de inverter caminhos
faz-me a pensar do avesso
não sou destro pra viver e essa forma canhota
reverte a minha rota
embora me queira
nunca me achei
*
faz-me a pensar do avesso
não sou destro pra viver e essa forma canhota
reverte a minha rota
embora me queira
nunca me achei
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - biografia
líria porto
na guerra foi concebida
ficou-lhe esta ferida
rasgo no espírito
quando chegou outubro
envolta num manto rubro
quis se exibir
à meia-noite e meia
na hora da lua cheia
rompeu o escuro
assim nasceu uma bruxa
alma cor de puxa-puxa
nome de flor-de-lis
*
na guerra foi concebida
ficou-lhe esta ferida
rasgo no espírito
quando chegou outubro
envolta num manto rubro
quis se exibir
à meia-noite e meia
na hora da lua cheia
rompeu o escuro
assim nasceu uma bruxa
alma cor de puxa-puxa
nome de flor-de-lis
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) ite missa est
líria porto
a missa é omissa
exclui a massa do ofício
amassa a raça com os pés
o vinho bento do cálice
é privilégio sagrado
do santo senhor vigário
nossa sina é o sacrifício
o pobre cristo sou eu
fui condenado sem culpa
a carregar a pobreza
a transportar a miséria
debaixo da pele preta
*
a missa é omissa
exclui a massa do ofício
amassa a raça com os pés
o vinho bento do cálice
é privilégio sagrado
do santo senhor vigário
nossa sina é o sacrifício
o pobre cristo sou eu
fui condenado sem culpa
a carregar a pobreza
a transportar a miséria
debaixo da pele preta
*
ninho de guaxe
líria porto
muita vez eu fico grávida
gravidez imaginária
e gesto versos
as minhas letras meninas
desajeitadas traquinas
são descabelos
se para muito não servem
já por isso me completam
é bonito ser poeta
nas horas de algum juízo
eu juro para mim mesma
agora chega de rimas
escrever no entanto é vício
eu vivo prenhe do ofício
*
muita vez eu fico grávida
gravidez imaginária
e gesto versos
as minhas letras meninas
desajeitadas traquinas
são descabelos
se para muito não servem
já por isso me completam
é bonito ser poeta
nas horas de algum juízo
eu juro para mim mesma
agora chega de rimas
escrever no entanto é vício
eu vivo prenhe do ofício
*
hipócrita (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
horrível é camuflar o ruim
é dar brilho de verniz em pau cheio
de cupim
*
horrível é camuflar o ruim
é dar brilho de verniz em pau cheio
de cupim
*
lê - asa de passarinho - cascata
líria porto
debaixo da bica
uma tina
dentro da tina
um menino
na cara do menino
o riso
no riso do menino
o rio cristalino
*
debaixo da bica
uma tina
dentro da tina
um menino
na cara do menino
o riso
no riso do menino
o rio cristalino
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - carnavalesca
líria porto
lá vem dona aurora
vestida de rosa
a boca pintada
enormes quadris
e eu na janela
com olhos de ontem
à espera
da aleg(o)ria
*
lá vem dona aurora
vestida de rosa
a boca pintada
enormes quadris
e eu na janela
com olhos de ontem
à espera
da aleg(o)ria
*
não me vês?
líria porto
onde se faça a panela
há uma espécie de casta
quem está dentro se basta
sapos de fora não entram
não se inovam as ideias
os métodos os pensamentos
permanece tudo estático
hermético bolorento
(sou invisível igual ar
um outro tipo de gente
coaxo por todo o brejo
sem precisar d'água benta)
*
onde se faça a panela
há uma espécie de casta
quem está dentro se basta
sapos de fora não entram
não se inovam as ideias
os métodos os pensamentos
permanece tudo estático
hermético bolorento
(sou invisível igual ar
um outro tipo de gente
coaxo por todo o brejo
sem precisar d'água benta)
*
versinhos
líria porto
eu amo escrever
um verso uma quadra
um navio uma esquadra
um mar cheio de peixes
eu amo escrever
uma carta uma linha
um bilhete uma andorinha
um lenço verde
*
eu amo escrever
um verso uma quadra
um navio uma esquadra
um mar cheio de peixes
eu amo escrever
uma carta uma linha
um bilhete uma andorinha
um lenço verde
*
broca
líria porto
quando uma dor aparece
todas as células
passam a olhar para ela
e o corpo só existe
naquele ponto
f
i
x
o
*
quando uma dor aparece
todas as células
passam a olhar para ela
e o corpo só existe
naquele ponto
f
i
x
o
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) verídico
líria porto
foi comprar açúcar
levou mais de vinte anos
foi comprar açúcar
levou mais de vinte anos
um dia voltou
pôs o pacote sobre a mesa
sentou-se
acendeu o cigarro
e perguntou – o café
vai demorar?
*
pôs o pacote sobre a mesa
sentou-se
acendeu o cigarro
e perguntou – o café
vai demorar?
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) sujeição
líria porto
lá vai o trem igual cobra
carrega pobres no lombo
lavai a roupa senhora
essa fuligem é de ontem
a vida passa e os pobres
sentem a dureza do jugo
sem ouro prata ou vitórias
o que lhes sobra
ferrugem
*
lá vai o trem igual cobra
carrega pobres no lombo
lavai a roupa senhora
essa fuligem é de ontem
a vida passa e os pobres
sentem a dureza do jugo
sem ouro prata ou vitórias
o que lhes sobra
ferrugem
*
compatibilidades
líria porto
falo de flor
olho no olho
boca a boca
falo de pernas
pele orgasmo
desejo
falo de antúrio
pistilo haste
vermelho
falo de ti
de mim
de nosotros
*
falo de flor
olho no olho
boca a boca
falo de pernas
pele orgasmo
desejo
falo de antúrio
pistilo haste
vermelho
falo de ti
de mim
de nosotros
*
quarta-feira, 24 de junho de 2009
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - preciso escrever nas paredes
líria porto
o silêncio das paredes me amedronta
sinto-me tonta ao passar no corredor
invento ronco barulhinho faz de conta
aperto os passos e o retorno é bem pior
as suas malhas me agarram e me amedrontam
e me engolem e não vejo a luz do sol
*
o silêncio das paredes me amedronta
sinto-me tonta ao passar no corredor
invento ronco barulhinho faz de conta
aperto os passos e o retorno é bem pior
as suas malhas me agarram e me amedrontam
e me engolem e não vejo a luz do sol
*
só
líria porto
ando tipo assim
um tanto meio sem saber
vou volto fico prossigo
depende
nem tudo é tão maneiro
*
ando tipo assim
um tanto meio sem saber
vou volto fico prossigo
depende
nem tudo é tão maneiro
*
campo-santo
líria porto
nas franjas do horizonte
além das montanhas e dos morros
a sete palmos do chão
o último sono
lá longe
na cidade dos pés juntos
*
nas franjas do horizonte
além das montanhas e dos morros
a sete palmos do chão
o último sono
lá longe
na cidade dos pés juntos
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - encontro
líria porto
quintana e drummond
estavam lá na rua
quando a lua veio
então carlos falou
que bacana – senta-te aqui
no colo de quintana
e a lua se sentou
*
quintana e drummond
estavam lá na rua
quando a lua veio
então carlos falou
que bacana – senta-te aqui
no colo de quintana
e a lua se sentou
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - lancinante
líria porto
há dores macabras sobre meus costados
esmagam-me as vértebras com um pé de cabra
amargo desse mundo todos os pesares
levo na corcunda o embornal dos males
a lua é testemunha do meu calvário
*
há dores macabras sobre meus costados
esmagam-me as vértebras com um pé de cabra
amargo desse mundo todos os pesares
levo na corcunda o embornal dos males
a lua é testemunha do meu calvário
*
terça-feira, 23 de junho de 2009
alienação
líria porto
sonhou que era uma diva
vestia paco rabanne
o mundo ia à deriva
terrível a guerra no iraque
o sofrimento na mira
na moda homens de araque
um desperdício de vida
e as mortes –– desnecessárias
*
sonhou que era uma diva
vestia paco rabanne
o mundo ia à deriva
terrível a guerra no iraque
o sofrimento na mira
na moda homens de araque
um desperdício de vida
e as mortes –– desnecessárias
*
intramuros
líria porto
um de deveres
um de direitos
o diabo da cruz
a cruz do diabo
um tanto faz
um quanto fez
(vítima e herói
fujo deles)
*
um de deveres
um de direitos
o diabo da cruz
a cruz do diabo
um tanto faz
um quanto fez
(vítima e herói
fujo deles)
*
segunda-feira, 22 de junho de 2009
dor
líria porto
escrevo num soco
única palavra
tem ela três letras
depois da pancada
esse gemido
não faz um poema
é ele o grunhido
da minha pena
*
pesadelo
líria porto
ao volante de um bólido preto
atropelo a criança que empurra
um carrinho de supermercado
cebolas queijo tomates
misturam-se à massa que é minha
a menina que virou lasanha
*
ao volante de um bólido preto
atropelo a criança que empurra
um carrinho de supermercado
cebolas queijo tomates
misturam-se à massa que é minha
a menina que virou lasanha
*
pontuado e sem respostas (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
ouve-se o canto da cigarra
aonde vai levá-la esta canção?
o sol arde implacável
o que é para o sol uma cigarra?
a folha cai é só uma folha
o que é uma folha?
quem somos nós
cara-pálida?
*
ouve-se o canto da cigarra
aonde vai levá-la esta canção?
o sol arde implacável
o que é para o sol uma cigarra?
a folha cai é só uma folha
o que é uma folha?
quem somos nós
cara-pálida?
*
bruxinha
líria porto
deixo-te o caldeirão
o corvo o gato a vassoura
as receitas de poção
(usufruto meu)
e a palavra
abracadabra
nada mais há de valor
que a vovó te possa dar
(pobre como joia)
*
deixo-te o caldeirão
o corvo o gato a vassoura
as receitas de poção
(usufruto meu)
e a palavra
abracadabra
nada mais há de valor
que a vovó te possa dar
(pobre como joia)
*
domingo, 21 de junho de 2009
(publicado no livro garimpo - editora lê) - casta
líria porto
flor amarela não tem opção
não tem sangue nas pétalas
e ser branca não é cor
é condição
*
flor amarela não tem opção
não tem sangue nas pétalas
e ser branca não é cor
é condição
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) elas
líria porto
a vida é a puta
que em mim se esfrega
e espera que eu resista
às suas curvas
a vida é a santa
que me recusa
e assim me arrasta
para suas pernas
a morte é mulher
sem intenções escusas
*
a vida é a puta
que em mim se esfrega
e espera que eu resista
às suas curvas
a vida é a santa
que me recusa
e assim me arrasta
para suas pernas
a morte é mulher
sem intenções escusas
*
insuportável
líria porto
quando fico triste
faço sopa de cebolas
(esse é um bom disfarce)
derramo fartos soluços
e as cebolas (a)batidas
cozidas em tanto pranto
(quer dizer em fogo brando)
deveras ficam amuadas
(acho sopa de cebolas
um sofrimento intragável)
*
quando fico triste
faço sopa de cebolas
(esse é um bom disfarce)
derramo fartos soluços
e as cebolas (a)batidas
cozidas em tanto pranto
(quer dizer em fogo brando)
deveras ficam amuadas
(acho sopa de cebolas
um sofrimento intragável)
*
manha (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
nas brenhas da montanha
existe um canto para ouvir-se os cantos
da manhã
*
nas brenhas da montanha
existe um canto para ouvir-se os cantos
da manhã
*
sábado, 20 de junho de 2009
prognóstico
líria porto
um cataclismo
uma hecatombe
aquele trombo
dentro da veia
é uma bomba
pavio aceso
ninguém se importa
a displicência
num caso desses
é a causa mortis
*
um cataclismo
uma hecatombe
aquele trombo
dentro da veia
é uma bomba
pavio aceso
ninguém se importa
a displicência
num caso desses
é a causa mortis
*
(publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) - vento em popa
líria porto
o mar se encrespa
desbalanceia
todas as ondas
mesmo acordada
relembro as águas
do mar dos sonhos
vem numa concha
molha meu olho
depois se esconde
pudesse iria
viver no mar
sereia ou ilha
e levaria
a minha serra
no tombadilho
*
o mar se encrespa
desbalanceia
todas as ondas
mesmo acordada
relembro as águas
do mar dos sonhos
vem numa concha
molha meu olho
depois se esconde
pudesse iria
viver no mar
sereia ou ilha
e levaria
a minha serra
no tombadilho
*
sexta-feira, 19 de junho de 2009
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - complexo
líria porto
rente inadequado a pisar em ovos
sem saber ao certo as motivações
a buscar nas sombras o anonimato
a querer no mato um esconderijo
um poço um buraco um lugar escuro
sem sol e sem lua
para inexistir
*
rente inadequado a pisar em ovos
sem saber ao certo as motivações
a buscar nas sombras o anonimato
a querer no mato um esconderijo
um poço um buraco um lugar escuro
sem sol e sem lua
para inexistir
*
sem eira nem beira
líria porto
eu taquei fogo no mar
pus ferver a aguaceira
pra fazer nuvem suar
trovejar na pirambeira
*
eu taquei fogo no mar
pus ferver a aguaceira
pra fazer nuvem suar
trovejar na pirambeira
*
quebra-ossos
líria porto
o corredor quem faz conta
de quase todos os passos
remonta nosso inventário
(ano após ano)
já nos viu de todo jeito
sonhadores esperançosos
tristonhos ou solitários
(ida e volta)
*
o corredor quem faz conta
de quase todos os passos
remonta nosso inventário
(ano após ano)
já nos viu de todo jeito
sonhadores esperançosos
tristonhos ou solitários
(ida e volta)
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) intocável
líria porto
fiz da pele uma couraça
um escudo uma armadura
um casco de tartaruga
agora ninguém me pega
se pegar não me belisca
se beliscar eu nem sinto
*
fiz da pele uma couraça
um escudo uma armadura
um casco de tartaruga
agora ninguém me pega
se pegar não me belisca
se beliscar eu nem sinto
*
quinta-feira, 18 de junho de 2009
artesanal
líria porto
fazer o barro arear a forma
moldar a massa retirar o excesso
levar os tijolos ao forno
a alma do oleiro
fixá-la com reboco
*
fazer o barro arear a forma
moldar a massa retirar o excesso
levar os tijolos ao forno
a alma do oleiro
fixá-la com reboco
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) les misérables
líria porto
em noites turvas ou frias
pobres corpos se procuram
sob viadutos e marquises
nos redutos dos ratos e das aranhas
os filhos do infortúnio
*
em noites turvas ou frias
pobres corpos se procuram
sob viadutos e marquises
nos redutos dos ratos e das aranhas
os filhos do infortúnio
*
candidato
líria porto
vai passando seu gerúndio
atrás uns gatos pingados
imitando-o aplaudindo-o
ele se achando lindo
segue rindo acenando
prometendo mundo
e fungo
:
vou lular no infinitivo
*
vai passando seu gerúndio
atrás uns gatos pingados
imitando-o aplaudindo-o
ele se achando lindo
segue rindo acenando
prometendo mundo
e fungo
:
vou lular no infinitivo
*
fritura
líria porto
a moçada
na discoteca da moda
rebola mais que minhoca
em cima da pedra
(((((( inveja
: tudo que não mata
engorda ))))))
*
a moçada
na discoteca da moda
rebola mais que minhoca
em cima da pedra
(((((( inveja
: tudo que não mata
engorda ))))))
*
quarta-feira, 17 de junho de 2009
raça
líria porto
nu meu canto tem batuque
tem batida atabaque
nu meu canto tem tambor
tem chicote dor ferida
nu meu canto tem saudade
tem suor senzala
raça
*
nu meu canto tem batuque
tem batida atabaque
nu meu canto tem tambor
tem chicote dor ferida
nu meu canto tem saudade
tem suor senzala
raça
*
assembleia
líria porto
maior burburinho
será estão onde
só ouço os trinados
futricas apartes
parece discutem
à porta dos ninhos
assunto de asas
de casa
de condomínio
*
maior burburinho
será estão onde
só ouço os trinados
futricas apartes
parece discutem
à porta dos ninhos
assunto de asas
de casa
de condomínio
*
terça-feira, 16 de junho de 2009
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) clandestino
líria porto
nosso amor é grupal
e quem triscar um só dedo
em qualquer um dos pentelhos
terá de se haver com o resto
*
nosso amor é grupal
e quem triscar um só dedo
em qualquer um dos pentelhos
terá de se haver com o resto
*
patética
líria porto
entre versos e conversas
pressas inconvenientes
passo a passo sem certezas
atravesso meus avessos
a desfazer-me das rédeas
dos freios que eu mesma teço
*
entre versos e conversas
pressas inconvenientes
passo a passo sem certezas
atravesso meus avessos
a desfazer-me das rédeas
dos freios que eu mesma teço
*
torquês
líria porto
maldito cujo
maldigo o sujo
aquele traste
desfaçatez
tomara caia
tomara encalhe
tomara encolha
o tal freguês
atrás da porta
existe um sapo
a boca torta
fel palidez
ninguém mais fode
a minha pátria
nenhum diabo
nenhum burguês
sou azinhavre
peste sarnenta
solto os cachorros
com avidez
maldito cujo
maldigo o sujo
aquele traste
desfaçatez
tomara caia
tomara encalhe
tomara encolha
o tal freguês
atrás da porta
existe um sapo
a boca torta
fel palidez
ninguém mais fode
a minha pátria
nenhum diabo
nenhum burguês
sou azinhavre
peste sarnenta
solto os cachorros
com avidez
*
copacabana
líria porto
um requebro um meneio
um balanço de quadris
esta calçada morena
tem curvaturas de miss
*
um requebro um meneio
um balanço de quadris
esta calçada morena
tem curvaturas de miss
*
segunda-feira, 15 de junho de 2009
marilua
líria porto
narizinho de batata
boquinha de coração
olhinhos de vira-lata
cabecinha de pardal
menininha mais bonita
cheirosa fenomenal
não tem em luar nenhum
(nem aí
nem na china)
*
narizinho de batata
boquinha de coração
olhinhos de vira-lata
cabecinha de pardal
menininha mais bonita
cheirosa fenomenal
não tem em luar nenhum
(nem aí
nem na china)
*
tpm
líria porto
disse a ele –– sou de lua
dilua sua tristeza
em minha fase crescente
na minguante eu menstruo
faço da menores coisas
um estuário de queixas
*
disse a ele –– sou de lua
dilua sua tristeza
em minha fase crescente
na minguante eu menstruo
faço da menores coisas
um estuário de queixas
*
domingo, 14 de junho de 2009
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) para embalar tristezas
líria porto
os olhos daquela moura
parecem jabuticabas
vontade sentir seu gosto
vontade beber suas lágrimas
o macio dos meus braços
sabe o balouço das ondas
se a moura quiser dormir
até que o faça
balanço-a
*
os olhos daquela moura
parecem jabuticabas
vontade sentir seu gosto
vontade beber suas lágrimas
o macio dos meus braços
sabe o balouço das ondas
se a moura quiser dormir
até que o faça
balanço-a
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - insônia
líria porto
a boca escancarada da noite
os urros do silêncio
as teclas mudas
não tilintam os cristais
não estilhaçam a vidraça
amantes não sussurram
não há sinos de igreja
o mundo acabou
o relógio dorme
o tempo não passa
onde estão os latidos
os galos os gritos
os olhos do sol?
na cama
o corpo exausto
o vazio da tua ausência
e os mil anos dessa noite
que nos engole
que nos vomita
*
a boca escancarada da noite
os urros do silêncio
as teclas mudas
não tilintam os cristais
não estilhaçam a vidraça
amantes não sussurram
não há sinos de igreja
o mundo acabou
o relógio dorme
o tempo não passa
onde estão os latidos
os galos os gritos
os olhos do sol?
na cama
o corpo exausto
o vazio da tua ausência
e os mil anos dessa noite
que nos engole
que nos vomita
*
parceria
titikus
líria porto
o gato da odete foi para o céu
ontem vi aqueles olhos verdes
diziam-me – aqui é bom
estou bem
a lua é cheia de leite
avisa para odete
*
o gato da odete foi para o céu
ontem vi aqueles olhos verdes
diziam-me – aqui é bom
estou bem
a lua é cheia de leite
avisa para odete
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - desencontro
líria porto
entra sem bater a casa é tua
deita em minha cama e dorme
esquece das agruras
não demoro fui secar os olhos
vez em quando choro
somos sol e lua
*
entra sem bater a casa é tua
deita em minha cama e dorme
esquece das agruras
não demoro fui secar os olhos
vez em quando choro
somos sol e lua
*
andar_ilha
líria porto
nas ondas dos seus cabelos
surfavam tantos piolhos
tínhamos nojo – não dela
daqueles insetos sujos
pedíamos para tirá-los
ela dizia jamais
eu sou sozinha demais
e gosto da companhia
*
nas ondas dos seus cabelos
surfavam tantos piolhos
tínhamos nojo – não dela
daqueles insetos sujos
pedíamos para tirá-los
ela dizia jamais
eu sou sozinha demais
e gosto da companhia
*
sábado, 13 de junho de 2009
conjugados
líria porto
já nos confundimos um no outro
não sei onde começo onde terminas
só vislumbro um ponto
eu fui
nós somos
*
já nos confundimos um no outro
não sei onde começo onde terminas
só vislumbro um ponto
eu fui
nós somos
*
monoico (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
deus é menina
tem cachos eu acho
talvez seja negra
não a vi de frente
senti pelo cheiro
de flores queimadas
incenso e fumaça
que veio com o vento
foi tal o deleite
na manhã de sol
que pensei
tão bonita
e assim
perfumada
só deus
*
deus é menina
tem cachos eu acho
talvez seja negra
não a vi de frente
senti pelo cheiro
de flores queimadas
incenso e fumaça
que veio com o vento
foi tal o deleite
na manhã de sol
que pensei
tão bonita
e assim
perfumada
só deus
*
(paguei o sol no pulo) conflitos
líria porto
ouço a menina de dentro dizer à velha senhora
azar se dói o teu corpo –– comigo trago mil sonhos
de ti não me vou embora
*
ouço a menina de dentro dizer à velha senhora
azar se dói o teu corpo –– comigo trago mil sonhos
de ti não me vou embora
*
(publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) - andarilhos
liria porto
parecem estrelas
são pingos de chuva
em folhas d'inhame
chuviscos de lua
no verde veludo
de tantras
andanças
*
parecem estrelas
são pingos de chuva
em folhas d'inhame
chuviscos de lua
no verde veludo
de tantras
andanças
*
sexta-feira, 12 de junho de 2009
escape
líria porto
prosa fiada tecida
tramada entre amigos
ao som dos risos e das piadas
de desopilar o fígado
*
prosa fiada tecida
tramada entre amigos
ao som dos risos e das piadas
de desopilar o fígado
*
incisivo
líria porto
quem sei de mim
nem eu dentro
desse salário mirrado
como se fora um retalho
rasgado todos os meses
desde o furo do sapato
até a falha do dente
*
quem sei de mim
nem eu dentro
desse salário mirrado
como se fora um retalho
rasgado todos os meses
desde o furo do sapato
até a falha do dente
*
descansa no (a)mar
líria porto
a vida não para
procura caminhos
da nascente
à foz
encurva transborda
escorre em planaltos
planícies lajedos
d
e
s
p
e
n
h
a
d
e
i
r
o
s
: d e s á g u a
*
a vida não para
procura caminhos
da nascente
à foz
encurva transborda
escorre em planaltos
planícies lajedos
d
e
s
p
e
n
h
a
d
e
i
r
o
s
: d e s á g u a
*
quinta-feira, 11 de junho de 2009
embolada
líria porto
senhorio tem madame
mas de vez em quando
dorme co'a mucama
adverte-a
não te prendas minha prenda
ela dá de ombros
divertem-se
*
senhorio tem madame
mas de vez em quando
dorme co'a mucama
adverte-a
não te prendas minha prenda
ela dá de ombros
divertem-se
*
do oiapoque ao chuí
líria porto
eu te quis desde o começo
o jeito o cheiro as promessas
depois eu te quis o meio
o amor o peito entre as pernas
por fim eu te quero inteiro
e sem reservas
*
eu te quis desde o começo
o jeito o cheiro as promessas
depois eu te quis o meio
o amor o peito entre as pernas
por fim eu te quero inteiro
e sem reservas
*
(para o livro sem pecado não tem salvação) temos asas viradas pra dentro
líria porto
ninguém é só bom ou ruim
pensem o que pensem assim somos
mistos de anjo e demônio
*
ninguém é só bom ou ruim
pensem o que pensem assim somos
mistos de anjo e demônio
*
devagarinho
líria porto
senhorinha quase um século
vai de salto bolsa sombrinha
debaixo da chuva fina
parece que adivinha
tem um anjo a esperá-la
na outra banda da esquina
*
senhorinha quase um século
vai de salto bolsa sombrinha
debaixo da chuva fina
parece que adivinha
tem um anjo a esperá-la
na outra banda da esquina
*
em plena seca
líria porto
nos olhos da princesa
dois rios caudalosos
queria-lhe um peito
que jorrasse mel
*
nos olhos da princesa
dois rios caudalosos
queria-lhe um peito
que jorrasse mel
*
contrarregras
líria porto
tremo viver sem trema
comer linguiça já não tem o mesmo gostinho
vou demorar a urdir ideias
a dormir tranquila
(arrepiam-se-me os pelos
pelo de medo)
sem tirar nem pôr
acho uma feiura
voo sem acento
sinto enjoo
(morderam-nos a língua
e cuspiram em cima)
*
tremo viver sem trema
comer linguiça já não tem o mesmo gostinho
vou demorar a urdir ideias
a dormir tranquila
(arrepiam-se-me os pelos
pelo de medo)
sem tirar nem pôr
acho uma feiura
voo sem acento
sinto enjoo
(morderam-nos a língua
e cuspiram em cima)
*
nada além
líria porto
quando eu morrer
enterrem comigo
o retrato das filhas
um punhado de terra
o mapa de minas
e o apito do trem
*
quando eu morrer
enterrem comigo
o retrato das filhas
um punhado de terra
o mapa de minas
e o apito do trem
*
leitura
líria porto
crianças (in)quietas em fila na estante
os livros quando abertos tornam-nos radiantes
exalam prosa / verso cantam universos
tragédias romances
transformam-nos - os viajantes
em seres alados etéreos
eternos
*
crianças (in)quietas em fila na estante
os livros quando abertos tornam-nos radiantes
exalam prosa / verso cantam universos
tragédias romances
transformam-nos - os viajantes
em seres alados etéreos
eternos
*
quarta-feira, 10 de junho de 2009
fraqueza
líria porto
vestiu-se de triste
bebeu outro uísque
chorou um momento
abriu a ferida
molhou sua pena
e com letra anêmica
rabiscou um poema
raquítico
*
vestiu-se de triste
bebeu outro uísque
chorou um momento
abriu a ferida
molhou sua pena
e com letra anêmica
rabiscou um poema
raquítico
*
árvore do cerrado
líria porto
araguari –– ventania –– nasci já faz tempo
o vento ainda e hoje me segue
conversa comigo espalha meus medos
alerta os perigos espanta meus versos
lá tudo é tão plano a gente se aterra
e quando mudamos o vento se apega
agarra-se à alma impregna-se à pele
até de repente levar-nos à febre
então retornamos
e ali nos enterram
*
araguari –– ventania –– nasci já faz tempo
o vento ainda e hoje me segue
conversa comigo espalha meus medos
alerta os perigos espanta meus versos
lá tudo é tão plano a gente se aterra
e quando mudamos o vento se apega
agarra-se à alma impregna-se à pele
até de repente levar-nos à febre
então retornamos
e ali nos enterram
*
águas passadas removem moinhos
líria porto
nus domingos –– cine rex
a poltrona do meu lado
eu deixava reservada
para o príncipe encantado
(foram tantos e todos eles
caíram do cavalo)
*
nus domingos –– cine rex
a poltrona do meu lado
eu deixava reservada
para o príncipe encantado
(foram tantos e todos eles
caíram do cavalo)
*
tal e qual um pirilampo
líria porto
só um pouco quase nada
muito de vez em quando
luz acendo luz apago
fico alegre fico triste
tenho bico tenho asas
é jeito meu de quebranto
voar raso das beiradas
até o canto do espanto
(meus amores foram embora
lá é que são felizes)
*
só um pouco quase nada
muito de vez em quando
luz acendo luz apago
fico alegre fico triste
tenho bico tenho asas
é jeito meu de quebranto
voar raso das beiradas
até o canto do espanto
(meus amores foram embora
lá é que são felizes)
*
terça-feira, 9 de junho de 2009
desespero
líria porto
meu bem minha flor rosinha meu anjo
conheço de longe teu cheiro teu choro
o tempo esse potro ele corre galopa
sonhei como sonhas nos braços de ontem
florinha não chores mamãe volta logo
papai prometeu não demora ele vem
não chores florinha não chores eu te imploro
vovó ficou velha – não tem paciência
meu bem minha flor rosinha meu anjo
conheço de longe teu cheiro teu choro
o tempo esse potro ele corre galopa
sonhei como sonhas nos braços de ontem
florinha não chores mamãe volta logo
papai prometeu não demora ele vem
não chores florinha não chores eu te imploro
vovó ficou velha – não tem paciência
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - diagnóstico
líria porto
a lua chorosa
deitou numa nuvem
o canto dos olhos
chamei o doutor
ele foi categórico
:
é falta de sol
*
a lua chorosa
deitou numa nuvem
o canto dos olhos
chamei o doutor
ele foi categórico
:
é falta de sol
*
segunda-feira, 8 de junho de 2009
de sabores
líria porto
sol amargo
tocaiado atrás da nuvem
só pra ver como te sais
logo tu - torrão de açúcar
(e eu assim
tão azedo)
*
sol amargo
tocaiado atrás da nuvem
só pra ver como te sais
logo tu - torrão de açúcar
(e eu assim
tão azedo)
*
(peguei o sol no pulo) suicida
líria porto
cimentei bombas nos olhos
pus granadas no umbigo
soquei pólvora em cada poro
bebi chumbo derretido
ateei fogo no invólucro
acorrentado a explosivos
depois convoquei a morte
para dormir comigo
ela me disse –– és um forte
se queres uma consorte
convida a vida
*
cimentei bombas nos olhos
pus granadas no umbigo
soquei pólvora em cada poro
bebi chumbo derretido
ateei fogo no invólucro
acorrentado a explosivos
depois convoquei a morte
para dormir comigo
ela me disse –– és um forte
se queres uma consorte
convida a vida
*
ciumenta
líria porto
peço à lua
: segue meu amor vigia-lhe os olhares
espia se as moças lhe são interessantes
peço ao vento
: sopra por favor nuvem ou areia
nos seus olhos banzos
*
peço à lua
: segue meu amor vigia-lhe os olhares
espia se as moças lhe são interessantes
peço ao vento
: sopra por favor nuvem ou areia
nos seus olhos banzos
*
domingo, 7 de junho de 2009
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) contraponto
líria porto
nem todo buraco é vão
os do queijo têm gosto
e as covinhas do teu rosto
são uma delícia
(vão é o teu desprezo
a sangrar-me o coração
a enterrar em vala funda
meus sonhos vãos
meus desejos)
*
nem todo buraco é vão
os do queijo têm gosto
e as covinhas do teu rosto
são uma delícia
(vão é o teu desprezo
a sangrar-me o coração
a enterrar em vala funda
meus sonhos vãos
meus desejos)
*
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - amor ao primeiro eclipse
líria porto
entre mim e o sol
postou-se um óvni
piscou o farol
pensei comigo
não tenho íntimos
no paraíso
desceu um verde
beijou-me a boca
falou julieta
tremi-me inteira
mordi-lhe a orelha
gemi r-o-m-e-u
) e desvesti-me (
*
entre mim e o sol
postou-se um óvni
piscou o farol
pensei comigo
não tenho íntimos
no paraíso
desceu um verde
beijou-me a boca
falou julieta
tremi-me inteira
mordi-lhe a orelha
gemi r-o-m-e-u
) e desvesti-me (
*
o sol me disse
líria porto
: a lua é mãe de família
(disse-me - mas eu não cri)
) enquanto o sol dorme
a lua vagabunda (
*
: a lua é mãe de família
(disse-me - mas eu não cri)
) enquanto o sol dorme
a lua vagabunda (
*
balouço
líria porto
convidei a lua
baluarte do amor e da poesia
para amadrinhar maria luiza
ela aceitou sem restrição
e sugeriu - convidássemos o mar
para padrinho
*
convidei a lua
baluarte do amor e da poesia
para amadrinhar maria luiza
ela aceitou sem restrição
e sugeriu - convidássemos o mar
para padrinho
*
sábado, 6 de junho de 2009
nós
líria porto
amassa a vida na cama
recebe troco de macho
eu dei vendi emprestei
paguei com juros
e correção
eu sou puta
ela é madame
*
amassa a vida na cama
recebe troco de macho
eu dei vendi emprestei
paguei com juros
e correção
eu sou puta
ela é madame
*
sexta-feira, 5 de junho de 2009
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - equívocos
líria porto
eu pensava que a lua fosse queijo
e que era o amor doce deleite
ora a lua não passa de satélite
e ao final triste amor
farelo
*
eu pensava que a lua fosse queijo
e que era o amor doce deleite
ora a lua não passa de satélite
e ao final triste amor
farelo
*
sem falsa moléstia
líria porto
sou o máximo
e a nota que me dou é dez
perfeita?
não
defeitos?
imensos
aceito-me como estou neste momento
) do melhor jeito que posso (
*
sou o máximo
e a nota que me dou é dez
perfeita?
não
defeitos?
imensos
aceito-me como estou neste momento
) do melhor jeito que posso (
*
fiapo
líria porto
um amor cheio de nós
esgarçou-se por inteiro
e depois se emaranhou
desfiou embaraçado
era amor só por um fio
desconfio amo(r)finado
sem trilho sem brilho
sem nós
a sós
d
e
s
a
m
o
r
*
um amor cheio de nós
esgarçou-se por inteiro
e depois se emaranhou
desfiou embaraçado
era amor só por um fio
desconfio amo(r)finado
sem trilho sem brilho
sem nós
a sós
d
e
s
a
m
o
r
*
presente
líria porto
atrás da porta de casa
tem um sininho de bronze
quando entro ou bate o vento
ali por volta das onze
traz meu pai
para o almoço
*
atrás da porta de casa
tem um sininho de bronze
quando entro ou bate o vento
ali por volta das onze
traz meu pai
para o almoço
*
boca seca (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
se o vento te falar das suas coisas
do quanto nesse mundo ele já viu
saberás que na vida em algum momento
um copo d'água é maior do que um rio
*
se o vento te falar das suas coisas
do quanto nesse mundo ele já viu
saberás que na vida em algum momento
um copo d'água é maior do que um rio
*
quinta-feira, 4 de junho de 2009
dona joaquina
líria porto
penúltima flor do lar inculta e inepta
por uma panela foste ao extermínio
puseste feijão no fogo o gás vazava
tudo subiu pros ares –– tu inclusive
*
penúltima flor do lar inculta e inepta
por uma panela foste ao extermínio
puseste feijão no fogo o gás vazava
tudo subiu pros ares –– tu inclusive
*
dos príncipes e dos mendigos
líria porto
entre dois montes a gruta
: dela sai o fedor o cheiro forte
do que lhes entra pela boca
) salmão ou sardinha (
*
entre dois montes a gruta
: dela sai o fedor o cheiro forte
do que lhes entra pela boca
) salmão ou sardinha (
*
(publicado no livro garimpo - editora lê) - desencanto
líria porto
não sou a rara flor que me disseste
sou flor do campo
não te espetei os dedos
não me pendurei em tua lapela
e secar-me à luz de vela
isso não
florescer é meu destino
vou sobreviver
*
não sou a rara flor que me disseste
sou flor do campo
não te espetei os dedos
não me pendurei em tua lapela
e secar-me à luz de vela
isso não
florescer é meu destino
vou sobreviver
*
camaleões (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
enquanto havia pranto
os olhos da criança
pareciam verdes
hoje ela não chora
e os olhos d'agora
são barro seco
*
lágrima
líria porto
a tristeza –– chaga aberta
tem sangue transparente
quando a dor extrapola
a alma vaza pelos olhos
*
a tristeza –– chaga aberta
tem sangue transparente
quando a dor extrapola
a alma vaza pelos olhos
*
guerras
líria porto
por todos os caminhos e para sempre
haverá na terra rastros do homem
da sua passagem pelo planeta
) mesmo depois de destruir-lhe as riquezas
e dizimar a (im)própria espécie (
*
por todos os caminhos e para sempre
haverá na terra rastros do homem
da sua passagem pelo planeta
) mesmo depois de destruir-lhe as riquezas
e dizimar a (im)própria espécie (
*
quarta-feira, 3 de junho de 2009
maria
líria porto
governar a própria vida
isso sim é o que pretende
nem pai irmão ou marido
sabe dentro o que ela sente
seus anseios fantasias
suas manias de flor
perfumes cheiros
essências
desejos roucos
perfídias
*
governar a própria vida
isso sim é o que pretende
nem pai irmão ou marido
sabe dentro o que ela sente
seus anseios fantasias
suas manias de flor
perfumes cheiros
essências
desejos roucos
perfídias
*
terça-feira, 2 de junho de 2009
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) guilhotina
líria porto
rareou os beijos
arredou o corpo
e pé ante pé
sem dizer paulada
foice
*
rareou os beijos
arredou o corpo
e pé ante pé
sem dizer paulada
foice
*
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) orfandade
líria porto
as lágrimas secaram
chorei sal
perder-te foi um mal irreparável
tal como se o mar se evaporasse
e eu tivesse que remar
tocar o barco
*
as lágrimas secaram
chorei sal
perder-te foi um mal irreparável
tal como se o mar se evaporasse
e eu tivesse que remar
tocar o barco
*
palhaço
líria porto
poesia não é tristeza
ela rima com alegria
com a água na bacia
que a mim serve
de espelho
ali alah
olha a lua de molho
no olho do louco
*
poesia não é tristeza
ela rima com alegria
com a água na bacia
que a mim serve
de espelho
ali alah
olha a lua de molho
no olho do louco
*
reciclagem
líria porto
uma flor se manifesta
reclama protesta geme
é que o vento – esse moleque
arrancou-lhe duas pétalas
ele se justifica
vai mandá-las pra lagarta
ela vai ficar bonita
viajar pra buenos aires
*
uma flor se manifesta
reclama protesta geme
é que o vento – esse moleque
arrancou-lhe duas pétalas
ele se justifica
vai mandá-las pra lagarta
ela vai ficar bonita
viajar pra buenos aires
*
Assinar:
Postagens (Atom)
tanto mar
- affonso romano de santanna
- alice ruiz
- balaio porreta - moacy cirne
- cosmunicando
- doce de lira
- escritoras suicídas
- flávio corrêa de mello
- germina literatura
- josé saramago
- jura em cy bemol
- metamorfraseando
- namibiano - angola
- nina rizzi
- notas capitais
- olivrão - aroeira
- per tempus / mara faturi
- putas resolutas
- ragi moana
- rômulo romério
- saciedade dos poetas vivos - líria porto
- sede em frente ao mar
- toca da serpente - líria porto
dedicatória
nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
quem tem pena de passarinho
é passarinho
(líria porto)
Arquivo do blog
-
▼
2009
(1001)
-
▼
junho
(145)
- (peguei o sol no pulo) pepitas
- imersão
- aleitamento
- folia
- afronta
- respingos
- contrastes
- convivência
- desejo
- sem cerimônia
- choca
- rente
- sem comparação
- chapeuzinho
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - sof...
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - pre...
- poente (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
- eterno
- confiança
- coitadinha
- arrependimento
- o fio de ariadne
- aos vermes
- ardor
- des_compasso
- crisálida
- pretensão
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) menopausa
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) velho
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) a_teu sof...
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) curupira
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - bio...
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) ite missa...
- ninho de guaxe
- hipócrita (quem tem pena de passarinho - ed. perió...
- lê - asa de passarinho - cascata
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - car...
- caos
- não me vês?
- versinhos
- broca
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) verídico
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) sujeição
- compatibilidades
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - pre...
- só
- campo-santo
- função
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - enc...
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - lan...
- alienação
- niña
- naquele tempo
- intramuros
- dor
- pesadelo
- pontuado e sem respostas (quem tem pena de passari...
- em prosa e verso
- bruxinha
- (publicado no livro garimpo - editora lê) - casta
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) elas
- insuportável
- manha (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
- prognóstico
- (publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) - ...
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - com...
- sem eira nem beira
- quebra-ossos
- descanso
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) intocável
- artesanal
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) les misér...
- candidato
- fritura
- raça
- assembleia
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) clandestino
- patética
- filha única
- torquês
- boca de forno
- copacabana
- delicadeza
- marilua
- tpm
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) para emba...
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - ins...
- parceria
- titikus
- (publicado em cadela prateada - ed. penalux) - des...
- andar_ilha
- publicado
- conjugados
- monoico (quem tem pena de passarinho - ed. periópo...
- (paguei o sol no pulo) conflitos
- (publicado no livro asa de passarinho - ed. lê) - ...
- fome
- hoje tem goiabada
- escape
- incisivo
-
▼
junho
(145)