líria porto
dou-lhe água dou-lhe alpiste
jiló couve ovo cozido
(o seu canto é quase um choro)
e agora – faço o quê
com suas asas com seu voo?
*
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
ninho
líria porto
quero alcançar a poesia
fico na ponta dos pés
ela mais se distancia
eu não sei o que fazer
quando me canso e desisto
ei-la ali – dentro do berço
a brincar com francisquinho
meu neto de poucos meses
quero alcançar a poesia
fico na ponta dos pés
ela mais se distancia
eu não sei o que fazer
quando me canso e desisto
ei-la ali – dentro do berço
a brincar com francisquinho
meu neto de poucos meses
*
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
pé na estrada
líria porto
a casca do ovo trincou
adeus calor e conforto
agora é esticar as asinhas
e aprender a voar
*
a casca do ovo trincou
adeus calor e conforto
agora é esticar as asinhas
e aprender a voar
*
sábado, 22 de outubro de 2011
rega
líria porto
a chuva pinga fininho
berço para as sementes
sono tranquilo pra gente
que planta feijão
e filho
*
a chuva pinga fininho
berço para as sementes
sono tranquilo pra gente
que planta feijão
e filho
*
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
relógios
líria porto
ponteiros parados dão-nos a ilusão de que o tempo não passa
as dores nos ombros nos pés nos joelhos convencem-nos
do contrário
*
ponteiros parados dão-nos a ilusão de que o tempo não passa
as dores nos ombros nos pés nos joelhos convencem-nos
do contrário
*
palpitação
líria porto
o coração disparou
e como um cavalo bravo
a galopar em meu peito
pisoteava o amor
deixava-o num tal estado
que o pobre do amor – coitado
teve medo de morrer
(bobagem
o amor não morre
quem morre é o dono dele)
*
o coração disparou
e como um cavalo bravo
a galopar em meu peito
pisoteava o amor
deixava-o num tal estado
que o pobre do amor – coitado
teve medo de morrer
(bobagem
o amor não morre
quem morre é o dono dele)
*
terça-feira, 18 de outubro de 2011
(paguei o sol no pulo) violência
líria porto
não tenho medo da morte não tenho medo da vida
tenho medo é da ferida –– e da lâmina
e do corte
*
não tenho medo da morte não tenho medo da vida
tenho medo é da ferida –– e da lâmina
e do corte
*
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
poluição
líria porto
se eu morrer de asfixia ficar roxa e coisas tais
não digam às minhas filhas que foi morte natural
a culpa é dessa gente que faz pose de inocente
e envenena o ar
*
se eu morrer de asfixia ficar roxa e coisas tais
não digam às minhas filhas que foi morte natural
a culpa é dessa gente que faz pose de inocente
e envenena o ar
*
sábado, 15 de outubro de 2011
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) válvula
líria porto
sou mulher de duas portas
uma de entrada outra de fuga
*
sou mulher de duas portas
uma de entrada outra de fuga
*
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
palpitação
líria porto
corações não têm sossego
agitam-se como as ondas
e por qualquer vento ou brisa
quebram-se nas rochas
*
corações não têm sossego
agitam-se como as ondas
e por qualquer vento ou brisa
quebram-se nas rochas
*
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - inflamável
líria porto
o corpo arde ferve - chama-te
esta tarde vou morrer de febre
incendiar a cama
as vestes
virar tocha humana
*
o corpo arde ferve - chama-te
esta tarde vou morrer de febre
incendiar a cama
as vestes
virar tocha humana
*
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
de mal a pior
líria porto
presumo – o fumo a bebida
fizeram do seu corpo combustão
o fígado e os pulmões ficaram cinzas
e há guimbas espalhadas
pelos cantos
*
presumo – o fumo a bebida
fizeram do seu corpo combustão
o fígado e os pulmões ficaram cinzas
e há guimbas espalhadas
pelos cantos
*
terça-feira, 4 de outubro de 2011
gestação
líria porto
de bruços
(do jeito que gosto de dormir
tal como pedra no rio
ventre colado num dorso)
espero um livro
(tomara que ele me livre
desta vontade intangível
de beijar a tua boca)
belo e robusto
(folhas repletas de pétalas
gemidos sussurros chilreios cicios murmúrios arrepios
e algum silêncio)
*
de bruços
(do jeito que gosto de dormir
tal como pedra no rio
ventre colado num dorso)
espero um livro
(tomara que ele me livre
desta vontade intangível
de beijar a tua boca)
belo e robusto
(folhas repletas de pétalas
gemidos sussurros chilreios cicios murmúrios arrepios
e algum silêncio)
*
xacras de ana jacinta
líria porto
morar em araxá
tomar chá
usar xale
jogar xadrez
se eu perder a chama
posso te chamar?
*
morar em araxá
tomar chá
usar xale
jogar xadrez
se eu perder a chama
posso te chamar?
*
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
farnel (quem tem pena de passarinho - ed. periópolis)
líria porto
sem vacilo sem titubeio
a canoa segue firme rasga a água
vai valente várzea adentro
beira a margem
deixa um rastro sem poeira
:
amor meu
chego antes da saudade
e levo um peixe
*
sem vacilo sem titubeio
a canoa segue firme rasga a água
vai valente várzea adentro
beira a margem
deixa um rastro sem poeira
:
amor meu
chego antes da saudade
e levo um peixe
*
domingo, 2 de outubro de 2011
navegável
líria porto
debaixo da pele –– nos filetes azulados
o mapa completo dos rios dos riachos
dos caminhos que te trazem
*
debaixo da pele –– nos filetes azulados
o mapa completo dos rios dos riachos
dos caminhos que te trazem
*
sábado, 1 de outubro de 2011
herdeiro
líria porto
albino
menino mui branco
ardia nos braços de melanina
a moça de pele escura
violada pelo padrasto
*
albino
menino mui branco
ardia nos braços de melanina
a moça de pele escura
violada pelo padrasto
*
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