quinta-feira, 9 de maio de 2019

a sorte na palma da mão

líria porto

um dia chegavam
sem qualquer aviso
montavam as tendas
moravam sob lonas
aquelas famílias

as donas casadas
de saias de roda
estampas babados
lenços nos cabelos
brincos de medalhas

as moças solteiras
suas tranças compridas
os braços o pescoço
cobertos por joias
correntes de ouro

os homens morenos
fortes torso nu
forjavam o cobre
fabricavam os tachos
vendiam-nos nas ruas

bebiam dançavam
tocavam violino
depois iam embora
que não tem parada
a vida dos zíngaros

(eu era pequena
temia os ciganos
pensava que eles
roubavam crianças
levavam-nas das mães)

*

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dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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