quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

desertar

 líria porto


entre enterro e cremação

não me decidi

            nem vou fazê-lo


(melhor fugir na corcova

de um camelo)


*

buraco negro

 líria porto


dessa saudade dessa falta

faço o quê?


do turbilhão que me suga


*

curvas

 líria porto


caminhos tortos

tortas de morango

teu violão meu quadril


*

às cinco

 líria porto


os poemas

comê-los com farinha

e um chá de cogumelos


*

velho oeste

 líria porto


debaixo do chapéu

dona madama

em cima do chapéu

a bota do gangster

:

é muito topete


*

[(paparicar)]

 líria porto


(acho-o o mais bonito

engraçado charmoso alegre

gostoso

ainda mais quando ri)


[só não quero que saiba

(pra não ficar convencido)

as moças de lá da vila

por ele arrastam  asas

e o colocariam

               num altar]


(eu não

eu o levo pra cama)


*




emoção

 líria porto


poesia e sonho não são óbvios

insinuam-se - há que ter

                                      olhos


*

coisitas imensas

 líria porto


inevitável o desgaste

o massacre da rotina

o distanciamento

:

bom dia meu amor

boa noite - como foi teu dia?


(poema a quatro mãos) estações

 chris herrmann e líria porto


revestiu-se

de plumas e sonhos

naquele inverno longo


com lágrimas secas

alinhou-se à neve

dos cabelos e lembranças


alegrias tristeza

flores despetaladas

forraram-lhe o chão


guardara as sementes

sabia o perfume a cor

os espinhos


podia dormir


*

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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