sexta-feira, 6 de agosto de 2010

leviana

líria porto

caí na lábia do vento
melhor te esquives de mim
meu corpo solto à deriva
é folha seca

resvalo entre penhascos
abismos despenhadeiros
eu não escolho caminhos
despenco o tempo inteiro

esquece-me

*

4 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Quem dera ouvíssemos advertências assim... E se defato há coisas que se deva esquecer, há aquelas que o vento não leva, não é?

Guardemos estas, as indeléveis como este teu poema.

besos

P.S.
Lembrei Quintana:

"No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo, um carinho no momento preciso, o folhear de um livro de poemas, o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."

Anônimo disse...

Folha seca que corta o ar
fere a linha no horizonte
dos olhos ruídos pelo frio
das árvores descascadas.

Versos para ti, flor bela e forte!

Hercília Fernandes disse...

"eu não escolho caminhos
sou incerteza"

Líria,
estes versos são abundantemente expressivos, leva-nos ao reconhecimento de nossa essência criadora.

Quero-os pra mim!

Besos, poetíssima!
H.F.

Unknown disse...

Belíssimo, Líria!

Será que existe alguém que consegue escolher caminhos?

Gostaria, no caso de ser o vento.

Beijos

Mirze

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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