mamata

líria porto

essa censura

que te parece tão cara

não passa de sinecura

(falta do que fazer)

desse teu apaniguado

escondido atrás da roupa

verde oliva

*

eunucos

líria porto

os criados-mudos

pra sempre calados

como fossem cúmplices

dos nossos pecados

*

massacre

líria porto

começa na pele – reveste meu corpo

empurra-me os músculos às pontas dos ossos

rompe minhas veias meus nervos

atinge meu cerne

:

de fora pra dentro

com a força de um deus

que me odeia

*

reencontos

líria porto

poetas não morrem
adormecem em seus livros
toda vez que são lidos
despertam

há pouco falei 

com drummond

*

redução

líria porto

o ser grande e leve
com o passar dos anos
foi-se apequenando
contraindo-se
tornou-se uma ervilha
de chumbo

*