domingo, 14 de junho de 2009

(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - insônia

líria porto

a boca escancarada da noite
os urros do silêncio
as teclas mudas

não tilintam os cristais
não estilhaçam a vidraça
amantes não sussurram
não há sinos de igreja
o mundo acabou
o relógio dorme
o tempo não passa

onde estão os latidos
os galos os gritos
os olhos do sol?

na cama
o corpo exausto
o vazio da tua ausência
e os mil anos dessa noite
que nos engole
que nos vomita

*

2 comentários:

Anônimo disse...

Queria ter escrito estes versos:
o mundo acabou
o relógio dorme
o tempo não passa

Mas o tempo pra mim voa, sem caridade ou misericórdia, e me arrasta na suas ondas.
Não há um fio pra me segurar e parar o relógio.
Bom se conseguisse ser assim, dona do tempo e manobrista das horas.

No mais, saudades de você, da sua presença e seus belos versos.

Bitokitas, luz e paz na jornada.

Cosmunicando disse...

que poema lindo, "os mil anos desta noite"... uau!

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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