quarta-feira, 14 de outubro de 2009

fogaréu

líria porto

há um verso intermitente
está sempre à tocaia

no espelho vejo-o avesso
nuvem negra me atrapalha

sem espada sem nobreza
submeto-me à cangalha

ele empurra o travesseiro
abro os olhos mui calada

ele deita no meu peito
quer rasgar minha mortalha

eu tão pálida tão sem jeito
ele abusa de um atalho

e se instala no meu ventre

(sê poeta não te entraves
nem te escondas do crepúsculo
os vermelhos ficam grávidos)

*

2 comentários:

Hercília Fernandes disse...

"ele usa algum atalho
e [se] entalha no meu ventre"...

Lindo poema, Líria. Sua poesia me toca profundamente.

Beijos :)
H.F.

BAR DO BARDO disse...

imagens lindas

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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