líria porto
as alegrias postiças
jamais se sentira gente
foi só dor e sujeição
e o filho do patrão
pôs-lhe um filho na barriga
(o menino não vingou)
ela nasceu no sertão
naquela sede de tudo
coração esfarinhado
o chão era pai e mãe
e a terra seca sem viço
sua cama seu colchão
seu corpo virou moeda
moído na mão de todos
fosse qual fosse o macho
os direitos sobre ela
trocavam-na por qualquer troco
partiam sem despedidas
nessa sorte sem fortuna
o seu corpo definhou
virou pele sobre ossos
nem freguês e nem comida
desgostou-se de tal fado
foi ser feliz lá em cima
agora maria brilha
o seu espelho é a lua
o travesseiro uma nuvem
ficou linda como nunca
a estrela mais bonita
das que enfeitam a noite
*
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
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4 comentários:
Parabéns Líria, pelo blog e pelos belos poemas!
Abraço
Cláudia
Que poema! Ele reforça o que penso: que, às vezes, temos uma música monossilábica por dentro, pois o coração é tão desfiladeiro...
as alegrias postiças
não se esgotam
em formas inteiriças
e se ela, aflita,
nasceu no sertão
vive com paixão
mesmo que seu corpo
seja moeda de troca
em alegrias mórbidas.
/um beijo/
lira
tarja preta
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