terça-feira, 11 de agosto de 2009

(publicado em cadela prateada - ed. penalux) - ganidos

líria porto

finquei todo meu desejo
no branco lençol do leito
deitei-me só e de borco
e assim eu em decúbito
abraçada ao travesseiro
farejava o teu cheiro
qual um cachorro

meu corpo de tanta ânsia
derramava a substância
advinda do meu cio
as lágrimas me afogavam
afundavam-me em areia
movediça

a fresta entre minhas pernas
jogadas de qualquer jeito
abrigava a rejeição
as ausências repetidas
das vezes que te chamei
sem retorno

não vieste não virás
e o vão do meu umbigo
a ganir nos teus ouvidos
não te deixará

*

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dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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