terça-feira, 11 de agosto de 2009

conto de bruxa

líria porto

era uma vez acredite
uma criança mirrada
espertinha pá-virada
que nasceu lá no planalto
malcriada topetuda
não queria ser rainha
e de longe admirava
quem freios também não tinha

parecida com o pai
a origem não negava
sua língua era ferina
suas unhas afiadas
os olhos de folha seca
cor acanhada mortiça
disfarçavam muito bem
os desperdícios da alma

dos filhos a mais feiosa
doentinha magricela
crescia a erva daninha
sem nenhuma contenção
junto ia o coração
que pendia para o lado
onde o fraco se rendia
onde a corda rebentava

já adulta pobre moço
aquele que a amou
pois com tanta rebeldia
nem a casa ela varria
não julgava obrigação
essa doida era varrida
ficava puta da vida
explodia-se ao fogão

branquearam-se os cabelos
de vermelho se coraram
e um brilho se instalou
mudou então seu olhar
assumiu sua loucura
acendeu o caldeirão
e em fogo muito brando
cozinhou-se com_paixão

hoje voa vaga flutua
tricota faz doce cose
vira a noite pelo dia
sua alma não encolhe
pois ela ainda acredita
montada numa vassoura
que pode mudar o mundo
ser avó feliz  e doida

*

Um comentário:

Eliane Accioly disse...

Poema Lindo! E o nome do blog. Beijos

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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