terça-feira, 15 de setembro de 2009

ímpeto

líria porto

que vontade que vontade
enfrentar o meu espelho
cortar bem rente os cabelos
tirar deles toda a tinta
e deixar que as cãs me venham
flocos de neve macios
sobre cabeça tão quente

cadê coragem?

que vontade que vontade
vestir-me largos vestidos
nada mais a me apertar
nem roupas e nem trabalho
ser eu natural feliz
e em meu aniversário
fincá-las uma por uma
as mais de sessenta velas

cadê coragem?

que vontade que vontade
com a alegria que tenho
rir das rugas rir de tudo
falar das minhas verdades
sem nenhum constrangimento
ir lá onde o amor está
desafiar a rival
dizer-lhe eu sou mais eu
esse amor agora é meu

cadê coragem?

que vontade que vontade
romper os grilhões algemas
com minha cara e coragem
porém pergunto ao espelho
cadê coragem

cadê coragem?

*

3 comentários:

BAR DO BARDO disse...

(h)aja coragem!!!

Moacy Cirne disse...

E a coragem de fazer
poesia?
Não seria a maior de
todas?
Pelo menos,
tão grande quanto enfrentar os
espelhos da vida...

ragi moana disse...

amo este poema, bem sabes...

dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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