quinta-feira, 19 de junho de 2008

grávidos

líria porto

vou te falar a respeito
talvez me possas entender
minhas letras pequeninas
um enigma para mim
navegam das águas limpas
para o centro das tormentas

eu as queria serenas
elas nunca se contentam
agitam-se por qualquer sopro
sacrificam-me os dedos
roem-me as unhas e cospem
versos inversos esquerdos

por vezes só inquietas
outras cruéis ciumentas
minhas letras miudinhas
estejam tristes ou não
aparecem-me assaltam-me
em horas inusitadas

difíceis choram chateiam
escondem bocas de lixo
são letras sem cabimento
trêmulas tímidas implícitas
borradas sujas de medo
quais letras recém-nascidas

a sua essência é em sumo
o resumo das vivências
experiências e sonhos
não somos papel em branco
onde tem versos há fetos
poemas prematuros

*

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dedicatória

nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio

(líria porto)



*















quem tem pena de passarinho
é passarinho

(líria porto)

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