líria porto
entre o dia e a noite
mesclam-se retalhos de sombras
corro para casa e me escondo
dos monstros e dos fantasmas
*
segunda-feira, 30 de junho de 2008
domingo, 29 de junho de 2008
parelha
líria porto
a pequena morte
dá-nos corpos
inocentes
estrelas se desfazem
e nus nesse oásis
quedamo-nos
entre as frestas
o caldo da entrega
sal do amor
roupas largadas
pegadas
suor
*
a pequena morte
dá-nos corpos
inocentes
estrelas se desfazem
e nus nesse oásis
quedamo-nos
entre as frestas
o caldo da entrega
sal do amor
roupas largadas
pegadas
suor
*
quinta-feira, 26 de junho de 2008
ainda
líria porto
não vou me deixar morrer por um sonho arruinado
mesmo que me amargue a boca talhe-me o sangue
e eu chore um oceano
não vou me deixar morrer
por ninguém
*
não vou me deixar morrer por um sonho arruinado
mesmo que me amargue a boca talhe-me o sangue
e eu chore um oceano
não vou me deixar morrer
por ninguém
*
jaça
líria porto
saltou o sol do poleiro
acendeu o seu luzeiro
debruçou-se à janela
amanheceu azulinho
há um filhote no ninho
bico aberto para o céu
o resto da passarada
canta em louca revoada
a festejar a manhã
viver não é azinhavre
rói-me é dormir sozinho
acordar em cama larga
*
saltou o sol do poleiro
acendeu o seu luzeiro
debruçou-se à janela
amanheceu azulinho
há um filhote no ninho
bico aberto para o céu
o resto da passarada
canta em louca revoada
a festejar a manhã
viver não é azinhavre
rói-me é dormir sozinho
acordar em cama larga
*
fantasia
líria porto
bastou uma rachadura
uns pingos de chuva fina
e o cimento impassível
vestiu-se de bailarina
*
bastou uma rachadura
uns pingos de chuva fina
e o cimento impassível
vestiu-se de bailarina
*
mano a mano
líria porto
a lua branca e bela
rolou debaixo da tela
e foi brilhar no japão
do lado de cá do sol
pintaram um arrebol
da cor do seu coração
sonhei com ele essa noite
esta saudade um açoite
parece estava ao portão
ele de mim se escondeu
a vida da cor do breu
encheu-me de escuridão
este poema infantil
tão cheio de ão e til
eu fiz para meu irmão
vaca amarela
pulou a janela
quem falar primeiro
come a bosta dela
*
a lua branca e bela
rolou debaixo da tela
e foi brilhar no japão
do lado de cá do sol
pintaram um arrebol
da cor do seu coração
sonhei com ele essa noite
esta saudade um açoite
parece estava ao portão
ele de mim se escondeu
a vida da cor do breu
encheu-me de escuridão
este poema infantil
tão cheio de ão e til
eu fiz para meu irmão
vaca amarela
pulou a janela
quem falar primeiro
come a bosta dela
*
roseiras
líria porto
fora de tempo e por gosto
meninas em festa
tínhamos espinhos
espinhas
adolescíamos
*
fora de tempo e por gosto
meninas em festa
tínhamos espinhos
espinhas
adolescíamos
*
voo
líria porto
sabino fernando mineiro
marcaste encontro com deus
espera menino –– no espelho
que dentro em pouco
vou eu
*
sabino fernando mineiro
marcaste encontro com deus
espera menino –– no espelho
que dentro em pouco
vou eu
*
deslumbramento
líria porto
quando a lua fica acesa
meu olhar de folha seca
o vento leva
o luar é tão bonito
um colírio verdadeiro
a curar os olhos velhos
*
quando a lua fica acesa
meu olhar de folha seca
o vento leva
o luar é tão bonito
um colírio verdadeiro
a curar os olhos velhos
*
quarta-feira, 25 de junho de 2008
ré
líria porto
cheirava pólen
foi rechaçada
recusaram suas cores
retiraram-na da relva
recortaram-lhe as asas
morreu lagarta
*
cheirava pólen
foi rechaçada
recusaram suas cores
retiraram-na da relva
recortaram-lhe as asas
morreu lagarta
*
terça-feira, 24 de junho de 2008
libertação
líria porto
quando eu morrer não fiques triste
consola-te assim –– ela agora é pensamento
rompeu todos os limites
(e não guardes as cinzas
mandarei um mandarim
trazer notícias)
*
quando eu morrer não fiques triste
consola-te assim –– ela agora é pensamento
rompeu todos os limites
(e não guardes as cinzas
mandarei um mandarim
trazer notícias)
*
segunda-feira, 23 de junho de 2008
bem-te-vi
líria porto
ao abrirem-se as janelas
assistimos com prazer
o maior espetáculo da serra
direto de belo horizonte
*
ao abrirem-se as janelas
assistimos com prazer
o maior espetáculo da serra
direto de belo horizonte
*
domingo, 22 de junho de 2008
(publicado no livro olho nu - ed. patuá) marmita
líria porto
papa de arroz
(errei a mão)
feijão ralo
tomate verde
couve amarela
falta farinha
e o preço dos ovos
pela hora da morte
(carne –– a minha)
*
papa de arroz
(errei a mão)
feijão ralo
tomate verde
couve amarela
falta farinha
e o preço dos ovos
pela hora da morte
(carne –– a minha)
*
bangalôs
líria porto
num tempo de paredes brancas
pintava a fachada das casas
com tintas de coloridas
:
fisgava olhos
e almas
*
num tempo de paredes brancas
pintava a fachada das casas
com tintas de coloridas
:
fisgava olhos
e almas
*
sexta-feira, 20 de junho de 2008
instintos
líria porto
não subestimes um vulcão extinto
toda terra tórrida tem na memória
histórias de explosão
lembras-te das brasas
cobertas de cinza?
*
não subestimes um vulcão extinto
toda terra tórrida tem na memória
histórias de explosão
lembras-te das brasas
cobertas de cinza?
*
quinta-feira, 19 de junho de 2008
blá blá blá
líria porto
parlendas empolam as pérolas
embolam falácias à língua
pelejas entubam a prosa
e a impelem à berlinda
*
parlendas empolam as pérolas
embolam falácias à língua
pelejas entubam a prosa
e a impelem à berlinda
*
enfiada
líria porto
lá no fundo da bacia
passarim largou a pena
para mim serviu de guia
vou escrever um poema
uma pena tão pequena
com a ponta amarelinha
grandes são as minhas penas
eu as carrego sozinha
afundei a vida assim
bem dentro desse balaio
criei entraves raízes
mais pareço um para-raios
meu coração bate bate
pirulito quem me deu
desta vida quis melado
foi o pau que me comeu
chorei dentro da peneira
coei dor e muita mágoa
soçobrei pedra de sal
vou beber a caixa dágua
meu amor saiu de cena
fiquei assim puro enjoo
aproveito a porta aberta
vou tentar não sei se voo
quem quiser seguir comigo
vem depressa vem ligeiro
já perdi o meu cabaço
nunca mais tive conserto
canta comigo a cantiga
canta agora nesse instante
pois além de tua amiga
posso ser também amante
saiu água da mangueira
num esguicho decidido
quase igual namoradeira
com vontade de marido
encontrou terra sedenta
entrou logo sem bater
ponho-me a pensar lá dentro
no que pode acontecer
apareceram três brotos
os dias passam corridos
mesmo assim com essa seca
o meu chão ficou macio
esta vida é traiçoeira
arapuca gigantesca
se não fores muito esperto
levas pancada na nuca
vou parar com a loucura
desse verso compulsivo
ele não me leva a nada
de ser doida eu não me livro
*
lá no fundo da bacia
passarim largou a pena
para mim serviu de guia
vou escrever um poema
uma pena tão pequena
com a ponta amarelinha
grandes são as minhas penas
eu as carrego sozinha
afundei a vida assim
bem dentro desse balaio
criei entraves raízes
mais pareço um para-raios
meu coração bate bate
pirulito quem me deu
desta vida quis melado
foi o pau que me comeu
chorei dentro da peneira
coei dor e muita mágoa
soçobrei pedra de sal
vou beber a caixa dágua
meu amor saiu de cena
fiquei assim puro enjoo
aproveito a porta aberta
vou tentar não sei se voo
quem quiser seguir comigo
vem depressa vem ligeiro
já perdi o meu cabaço
nunca mais tive conserto
canta comigo a cantiga
canta agora nesse instante
pois além de tua amiga
posso ser também amante
saiu água da mangueira
num esguicho decidido
quase igual namoradeira
com vontade de marido
encontrou terra sedenta
entrou logo sem bater
ponho-me a pensar lá dentro
no que pode acontecer
apareceram três brotos
os dias passam corridos
mesmo assim com essa seca
o meu chão ficou macio
esta vida é traiçoeira
arapuca gigantesca
se não fores muito esperto
levas pancada na nuca
vou parar com a loucura
desse verso compulsivo
ele não me leva a nada
de ser doida eu não me livro
*
grávidos
líria porto
vou te falar a respeito
talvez me possas entender
minhas letras pequeninas
um enigma para mim
navegam das águas limpas
para o centro das tormentas
eu as queria serenas
elas nunca se contentam
agitam-se por qualquer sopro
sacrificam-me os dedos
roem-me as unhas e cospem
versos inversos esquerdos
por vezes só inquietas
outras cruéis ciumentas
minhas letras miudinhas
estejam tristes ou não
aparecem-me assaltam-me
em horas inusitadas
difíceis choram chateiam
escondem bocas de lixo
são letras sem cabimento
trêmulas tímidas implícitas
borradas sujas de medo
quais letras recém-nascidas
a sua essência é em sumo
o resumo das vivências
experiências e sonhos
não somos papel em branco
onde tem versos há fetos
poemas prematuros
talvez me possas entender
minhas letras pequeninas
um enigma para mim
navegam das águas limpas
para o centro das tormentas
eu as queria serenas
elas nunca se contentam
agitam-se por qualquer sopro
sacrificam-me os dedos
roem-me as unhas e cospem
versos inversos esquerdos
por vezes só inquietas
outras cruéis ciumentas
minhas letras miudinhas
estejam tristes ou não
aparecem-me assaltam-me
em horas inusitadas
difíceis choram chateiam
escondem bocas de lixo
são letras sem cabimento
trêmulas tímidas implícitas
borradas sujas de medo
quais letras recém-nascidas
a sua essência é em sumo
o resumo das vivências
experiências e sonhos
não somos papel em branco
onde tem versos há fetos
poemas prematuros
*
muita esmola
líria porto
supõe que eu me resolva
de mim afaste os entraves
arranque a pedra do rim
retire espinhos e cacos
apague a sombra
os fantasmas
encontre o pote de mel
implante um sorriso largo
acerte na loteria
e ao final eu me case
:
seria bom
e ruim
*
supõe que eu me resolva
de mim afaste os entraves
arranque a pedra do rim
retire espinhos e cacos
apague a sombra
os fantasmas
encontre o pote de mel
implante um sorriso largo
acerte na loteria
e ao final eu me case
:
seria bom
e ruim
*
nas franjas do horizonte
líria porto
a minha história de hoje
enlaçada de bonina
pingada de água de cheiro
é a história duma rosa
dum beija-flor todo prosa
e das tramas do destino
no corredor que é a vida
lá pelas bandas de lá
não sei se sorte ou azar
ou se já estava escrito
uma rosa perfumosa
entreabriu mui dengosa
lindas pétalas de seda
voava nos arredores
um beija-flor aprumado
de colarinho azul claro
querendo comprar bolinhos
e ao ver tão rubra rosa
assanhou-se chegou perto
gostou da cor e do estilo
bons dias bela menina
posso ficar por aqui?
:
tu que sabes beija-flor
não te posso fazer sala
tu já és comprometido
além do mais és metido
e estou muito ocupada
ele insistiu implorou
beija-flor é bom de bico
a rosa não resistiu
é doce rosa amorosa
os dois logo se entenderam
e teceram num instante
aquele romance ilícito
ao despencar o astro rei
na hora de ir-se embora
o beija-flor apressado
limpa o bico alisa as asas
pisca os olhos miudinhos
observa um lado e outro
depois bate em retirada
toda semana é assim
o beija-flor tem desejos
e finge comprar bolinhos
a rosa gosta dos beijos
desabrocha sem recato
e se repetem os fatos
(esta história não tem fim)
*
a minha história de hoje
enlaçada de bonina
pingada de água de cheiro
é a história duma rosa
dum beija-flor todo prosa
e das tramas do destino
no corredor que é a vida
lá pelas bandas de lá
não sei se sorte ou azar
ou se já estava escrito
uma rosa perfumosa
entreabriu mui dengosa
lindas pétalas de seda
voava nos arredores
um beija-flor aprumado
de colarinho azul claro
querendo comprar bolinhos
e ao ver tão rubra rosa
assanhou-se chegou perto
gostou da cor e do estilo
bons dias bela menina
posso ficar por aqui?
:
tu que sabes beija-flor
não te posso fazer sala
tu já és comprometido
além do mais és metido
e estou muito ocupada
ele insistiu implorou
beija-flor é bom de bico
a rosa não resistiu
é doce rosa amorosa
os dois logo se entenderam
e teceram num instante
aquele romance ilícito
ao despencar o astro rei
na hora de ir-se embora
o beija-flor apressado
limpa o bico alisa as asas
pisca os olhos miudinhos
observa um lado e outro
depois bate em retirada
toda semana é assim
o beija-flor tem desejos
e finge comprar bolinhos
a rosa gosta dos beijos
desabrocha sem recato
e se repetem os fatos
(esta história não tem fim)
*
quarta-feira, 18 de junho de 2008
insensível
líria porto
quarto crescente indiferente
ao quarto minguante das nossas paredes
chorosas do tempo do amor fremente
entre os dormentes da nossa cama
*
quarto crescente indiferente
ao quarto minguante das nossas paredes
chorosas do tempo do amor fremente
entre os dormentes da nossa cama
*
trovadiagem
líria porto
vento norte que vem vindo
destramela meu portão
fome de amor estou indo
vou comer na tua mão
*
vaga nuvem vagabunda
nave vaga navegava
vaga-lume vala funda
era a vela que velava
*
lá no alto existe um moço
cheio de olhares pra mim
fui comprar jiló pro almoço
trouxe rosas e jasmins
*
tua gaiola é dourada
sou livre no meu poleiro
tu tens as grades mais nada
eu tenho meu mundo inteiro
*
as distâncias comprovadas
não são distantes assim
se eu viajo nos meus sonhos
não há lonjura pra mim
*
ninguém me chama pra dentro
ninguém me bota pra fora
sou eu quem sabe se entro
ou se preciso ir embora
*
vento norte que vem vindo
destramela meu portão
fome de amor estou indo
vou comer na tua mão
*
vaga nuvem vagabunda
nave vaga navegava
vaga-lume vala funda
era a vela que velava
*
lá no alto existe um moço
cheio de olhares pra mim
fui comprar jiló pro almoço
trouxe rosas e jasmins
*
tua gaiola é dourada
sou livre no meu poleiro
tu tens as grades mais nada
eu tenho meu mundo inteiro
*
as distâncias comprovadas
não são distantes assim
se eu viajo nos meus sonhos
não há lonjura pra mim
*
ninguém me chama pra dentro
ninguém me bota pra fora
sou eu quem sabe se entro
ou se preciso ir embora
*
providências
líria porto
preciso limar as pontas
arredondar as arestas
perfumar minhas cobertas
colher morangos silvestres
o meu amor vai chegar
que venha tal como é
e traga tudo que queira
chinelos discos tristezas
as portas já estão abertas
*
preciso limar as pontas
arredondar as arestas
perfumar minhas cobertas
colher morangos silvestres
o meu amor vai chegar
que venha tal como é
e traga tudo que queira
chinelos discos tristezas
as portas já estão abertas
*
pequenininha
líria porto
vitória é coisa grande
virada de jogo euforia
no entanto
a vitória mais bonita
sequer tem um metro de altura
sapateia dança sorri
e me prende
à sua teia
seus olhos são pretos
*
mãe áfrica
líria porto
ouvi os lamentos
açoites gemidos
nas minas igrejas
nos tanques das casas
cozinhas cadeias
barracos cortiços
espinhos no coração
do brasil
*
ouvi os lamentos
açoites gemidos
nas minas igrejas
nos tanques das casas
cozinhas cadeias
barracos cortiços
espinhos no coração
do brasil
*
tarde da noite
líria porto
enquanto a lua e a nuvem
brincavam de esconde-esconde
estrelinhas piscavam
tontas de sono
*
enquanto a lua e a nuvem
brincavam de esconde-esconde
estrelinhas piscavam
tontas de sono
*
domingo, 15 de junho de 2008
medo de defunto
líria porto
irmã ilza - professora de religião - afirmou solenemente
apenas os escolhidos os abençoados os muito santos
verão almas doutro mundo
(ufa - podia dormir sossegada)
*
irmã ilza - professora de religião - afirmou solenemente
apenas os escolhidos os abençoados os muito santos
verão almas doutro mundo
(ufa - podia dormir sossegada)
*
sexta-feira, 13 de junho de 2008
quinta-feira, 12 de junho de 2008
principesca
líria porto
no alto da serra
assistir os crepúsculos
olhar o sol nos olhos
a lua as estrelas as nuvens
dançar na chuva
viver de asas abertas
azul no topo e verde
ao sopé
:
isto sim é que é poder
*
no alto da serra
assistir os crepúsculos
olhar o sol nos olhos
a lua as estrelas as nuvens
dançar na chuva
viver de asas abertas
azul no topo e verde
ao sopé
:
isto sim é que é poder
*
terça-feira, 10 de junho de 2008
domingo, 8 de junho de 2008
(publicado no livro asa de passarinho - editora lê) - corpo mole
líria porto
no firmamento
tinha uma nuvem
dentro da nuvem
chuva encravada
em terra seca
muita penúria
e a pirracenta
não desaguava
não libertava
uma lágrima
não tinha dó
piedade
*
no firmamento
tinha uma nuvem
dentro da nuvem
chuva encravada
em terra seca
muita penúria
e a pirracenta
não desaguava
não libertava
uma lágrima
não tinha dó
piedade
*
quinta-feira, 5 de junho de 2008
quarta-feira, 4 de junho de 2008
par de vasos
líria porto
para o meu vestido de bolero
quero o azul cheio de noite
que antecede as manhãs
:
vai combinar com teu terno
e o batom vermelho
com as tuas
bravatas
*
para o meu vestido de bolero
quero o azul cheio de noite
que antecede as manhãs
:
vai combinar com teu terno
e o batom vermelho
com as tuas
bravatas
*
terça-feira, 3 de junho de 2008
desorientação
líria porto
abateram o abacateiro
e os passarinhos
cujos filhotes pereceram
e perderam os ninhos
parecem-se àqueles órfãos
cujos olhos tão imensos
cheios de interrogação
sentem o coração vazio
como um rio seco
*
abateram o abacateiro
e os passarinhos
cujos filhotes pereceram
e perderam os ninhos
parecem-se àqueles órfãos
cujos olhos tão imensos
cheios de interrogação
sentem o coração vazio
como um rio seco
*
segunda-feira, 2 de junho de 2008
rame-rame
líria porto
inquieta no meu canto
não perdia uma letrinha
tal e qual um pirilampo
queria a luz que alumia
eu teci diversos versos
uma tiara um destino
então veio uma andorinha
desfiou o meu tecido
hoje é segunda-feira
dia de limpar a casa
pôr a sujeira no lixo
asa é coisa de domingo
ô vida ingrata
*
inquieta no meu canto
não perdia uma letrinha
tal e qual um pirilampo
queria a luz que alumia
eu teci diversos versos
uma tiara um destino
então veio uma andorinha
desfiou o meu tecido
hoje é segunda-feira
dia de limpar a casa
pôr a sujeira no lixo
asa é coisa de domingo
ô vida ingrata
*
Assinar:
Postagens (Atom)
tanto mar
- affonso romano de santanna
- alice ruiz
- balaio porreta - moacy cirne
- cosmunicando
- doce de lira
- escritoras suicídas
- flávio corrêa de mello
- germina literatura
- josé saramago
- jura em cy bemol
- metamorfraseando
- namibiano - angola
- nina rizzi
- notas capitais
- olivrão - aroeira
- per tempus / mara faturi
- putas resolutas
- ragi moana
- rômulo romério
- saciedade dos poetas vivos - líria porto
- sede em frente ao mar
- toca da serpente - líria porto
dedicatória
nus descampados (im)puros
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
fiamos o plenilúnio
(líria porto)
*
quem tem pena de passarinho
é passarinho
(líria porto)

Arquivo do blog
-
▼
2008
(448)
-
▼
junho
(38)
- cismas
- parelha
- ainda
- jaça
- fantasia
- mano a mano
- roseiras
- voo
- deslumbramento
- ré
- libertação
- bem-te-vi
- (publicado no livro olho nu - ed. patuá) marmita
- bangalôs
- instintos
- blá blá blá
- enfiada
- grávidos
- muita esmola
- nas franjas do horizonte
- reencontro
- insensível
- trovadiagem
- providências
- pequenininha
- mãe áfrica
- tarde da noite
- medo de defunto
- pilares
- principesca
- lâmina
- dor
- (publicado no livro asa de passarinho - editora lê...
- borboletas brancasmeninas vestidas de anjocantam n...
- meu silêncio é um calo com_sentido
- par de vasos
- desorientação
- rame-rame
-
▼
junho
(38)